sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

As comemorações dos 50 anos de Abril - Alterações sobre as orientações gerais das Comemorações - Jornal Expresso - Ângela Silva - Jornalista

Ao contrário do que estava previsto, já não será Ramalho Eanes mas sim Marcelo Rebelo de Sousa a presidir à Comissão Nacional das Comemorações dos 50 anos do 25 de abril 17 DEZEMBRO 2021 10:55 Ângela Silva Jornalista De acordo com uma alteração orgânica esta semana aprovada em conselho de ministros, o Conselho Geral das comemorações - orgão que chegou a estar previsto ser presidido por Vasco Lourenço, da Associação 25 de abril – é extinto, e a Comissão Nacional – o segundo orgão de uma estrutura que nasceu bicéfala e a que Ramalho Eanes aceitou presidir – deixa de ter à frente o ex-Presidente da República para ficar sob dependência direta do atual. Marcelo Rebelo de Sousa ficará, assim, à frente do orgão a quem caberá definir “as orientações gerais das Comemorações e a aprovação do seu programa oficial”. E Pedro Adão e Silva, o nome consensualizado entre o primeiro-ministro e o Presidente da República para comissário dos eventos que decorrerão até 2026, presidirá à estrutura de missão que terá que apresentar um programa de atividades à Comissão Nacional, que funcionará junto da Presidência da República. Em vez de ter que reportar a dois orgãos como estava inicialmente previsto, Adão e Silva passa assim a reportar ao Presidente, a quem caberá a palavra final sobre o programa das festas. Ao que o Expresso apurou, esta alteração orgânica – que encolheu as estruturas e deixou de contar com Eanes e Vasco Lourenço em lugares-chave – acontece após sucessivas fricções e dificuldades na definição das competências que caberiam aos dois militares. Desde o 25 de novembro de 1975 que disputam protagonismo e o presidente da Associação 25 de abril confirma que “face a coisas que aconteceram” durante este processo, nem todas relacionadas com Ramalho Eanes, preferiu “não ter responsabilidades diretas” na preparação do cinquentenário de abril. “UM ORGÃO PARA ELE, OUTRO PARA MIM” “Primeiro, era preciso arranjar um orgão para ele (Eanes), outro para mim”, resume Vasco Lourenço ao Expresso. Admitindo que “tivemos que falar para clarificar posições, porque já tivemos problemas no passado mas hoje temos uma boa relação e eu não queria ter problemas no futuro”. O militar fala de “indefinições”, conta que “o Eanes a dada altura saíu e eu depois também entendi sair”. E embora diga continuar disponível para colaborar nas comemorações, coloca uma condição: “A Associação 25 de abril não pode ser a cereja no bolo nem estar lá para fazer figura de corpo presente”. Certo é que, quer Marcelo Rebelo de Sousa, quer António Costa, que teve a ideia de lançar um vasto e longo programa de comemorações e, após articular-se com o Presidente, convidou Pedro Adão e Silva para comissário, cansaram-se de impasses e decidiram agilizar o processo. A resolução do último conselho de ministros matou a orgânica inicial e S. Bento e Belém já acordaram os nomes que irão integrar a Comissão Nacional e que serão fechados após as eleições. Pedro Adão e Silva não quis falar ao Expresso nesta fase. Eanes, que chegou a ter dúvidas em aceitar o desafio devido aos seus 88 anos, também não esteve disponível. Quanto a Marcelo, promoveu há menos de um mês uma conferência no ISCTE sobre “O futuro do trabalho visto pelos jovens”, em que reconheceu que “o mais difícil é mudar a cabeça das pessoas que estão paradas a pensar como pensavam há 30, 40 ou 50 anos”, desafiou os jovens a “forçarem a porta”, criticou os que “querem construir o futuro às arrecuas” e, inesperadamente, lançou o tema do 25 de abril. “A melhor maneira de celebrar o 25 de abril – afirmou – é agradecer aos que tiveram um papel no passado”. Mas, acrescentou, “é muito mais importante garantir uma democracia que fale futuro e não fale apenas passado”. Dias depois, Marcelo recebeu Adão e Silva em Belém. O programa das festas vai mexer.

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