quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

LEGISLATIVAS 2022 - POLÍTICA - EXPRESSO || O duelo Costa vs Rio - Oito dúvidas pendentes que exigem respostas dos líderes

LEGISLATIVAS 2022, POLÍTICA O duelo Costa vs Rio será decisivo? Oito dúvidas pendentes que exigem respostas claras dos líderes A quem vai ligar Costa primeiro, se vencer? Rio aceita negociar alguma coisa com Ventura? Quais são as linhas dos seus orçamentos – ou de negociação deles ao centro? Estas e mais cinco perguntas cujas respostas devem ser procuradas no debate desta noite, para um voto esclarecido Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on LinkedInEmail this to someone 14:24 13 Janeiro, 2022 | David Dinis Os cronómetros estão a postos para o debate central das duas legislativas: Rui Rio e António Costa estarão frente a frente durante 1h15, a partir das 20h30 – em simultâneo nos três canais abertos de televisão. O cenário é o Capitólio, onde as televisões já estão em diretos sucessivos. Os moderadores também já são conhecidos: José Adelino Faria (RTP), Clara de Sousa (SIC) e Sara Pinto (TVI). Olhando para as últimas sondagens publicadas, Costa parte à frente, com uma diferença média de nove pontos. Mas o líder socialista ambiciona uma maioria absoluta (ou chegar perto dela, fazendo acordo com o PAN e/ou o Livre de Rui Tavares. Assim como Rio ainda ambiciona uma surpresa à moda das autárquicas, para vencer as eleições – fazendo Costa sair da liderança do PS. Chegados aqui, eis as novas dúvidas centrais nesta fase da campanha, cujas respostas podem determinar, se não quem vencerá as eleições, pelo menos uma opção clara dos eleitores no momento do voto. A quem vai ligar Costa primeiro, se vencer? E que faz o PS se Costa sair? Rui Rio vai explorar o tema até poder: se o PSD já explicou que aceitará negociar com o PS a governabilidade do país, caso perca as legislativas, falta saber do lado do atual primeiro-ministro a quem vai telefonar primeiro – se vencer – para iniciar negociações para a viabilização de um governo e pelo menos dos primeiro Orçamento? Ponto de situação: Costa já disse que sai se perder (mesmo que por um voto), não repetindo a formação de uma maioria de esquerda caso seja o segundo mais votado, assim como garantiu que quer ser primeiro-ministro caso vença por um voto. Mas não é certo, se não conseguir o objetivo de uma maioria – ainda que com a ajuda do PAN e Livre -, se prefere negociar com BE e PCP, ou se procura um acordo com o PSD (Duarte Cordeiro, diretor de campanha, disse esta quinta-feira que a esquerda está primeiro, mas também sem explicar como, depois do que aconteceu agora). Mais: Rui Rio também pedirá resposta clara de Costa sobre o cenário inverso: se Costa se demitir, o PS viabilizará um Governo do PSD? E o primeiro Orçamento? Lembrete: Marcelo estará impedido de dissolver a Assembleia até final de julho, pelo que não pode até aí resolver uma crise política. 2. Em algum cenário Rui Rio admite conversar com o Chega? Ou aceitar a sua agenda? O debate com André Ventura deixou mais dúvidas, que Costa aproveitou logo num vídeo do PS: Rui Rio disse claramente que não faria “coligação” com o Chega, mas não foi tão claro no que toca a negociações para a viabilização de um Governo do PSD, com apoio parlamentar dos deputados de André Ventura. Pelo que é de esperar um novo round de perguntas do socialista: em alguma circunstância o PSD aceitará negociar o programa de Governo, como fez nos Açores, para que o Chega viabilize um seu Governo minoritário? E quanto a orçamentos do Estado – que sabemos serem essenciais para a sobrevivência do próximo Governo? A discussão entre Rio e Ventura sobre a pena perpétua, ou mesmo sobre a “subsídio-dependência”, estarão a sobrevoar o debate. E, é bom lembrar, nos Açores as conversas prosseguem. 3. O primeiro (e o segundo) Orçamento: como serão e que linhas vermelhas? Muito se tem discutido sobre programas de Governo, sobretudo agora, que Costa e Rio apresentaram os seu programas eleitorais. Mas sabemos menos sobre as linhas com que se pode coser o próximo Orçamento do Estado. Se for Costa o eleito, é sabido que apresentará exatamente as propostas que estavam em cima da mesa aquando do chumbo que provocou a crise política – mas esse é um orçamento à esquerda e não se sabe no que o PS pode ceder, seja à esquerda ou ao PSD. Assim como não sabemos, por exemplo, o que pode pedir o PSD para o viabilizar. Outra dúvida em aberto é que medidas terão um Orçamento de Rio – e que diferenças terá face ao chumbado. Sendo apenas o segundo passo da nova legislatura, este será o mais sensível nas negociações para a viabilização de um Governo. Mas atenção: poucos meses depois virá um segundo. E esse, passa? Como e com que linhas? 4. Quem conta melhor, o PSD ou o PS? E a austeridade, volta? António Costa parte para estas eleições sem Mario Centeno e com um João Leão desgastado, mas ainda carregando um trunfo que o levou à reeleição em 2019: contas (mais ou menos) certas. Rui Rio, por seu lado, tem um potencial ministro ainda à mão (Joaquim Miranda Sarmento, que trabalhou com Cavaco em Belém) e um cenário macroeconómico baseado numa entidade independente, o Conselho de Finanças Públicas. A pandemia, porém, tornou o desafio para os dois muito mais difícil, com a dívida a rondar outra vez os 130% do PIB e as regras de Bruxelas a regressar já em 2023. Assim, Costa e Rui estarão a disputar o centro com uma sombra: até onde poderá o próximo Governo ir, seja em baixar impostos ou em aumentar despesa? E quem consegue dar mais certezas de não impor nova austeridade? Costa levará a sombra da troika contra o PSD, mas Rio terá o velho trunfo das cativações na manga. Mas há pelo menos uma dúvida que era fundamental os dois esclarecerem: se a margem do futuro é curta, quais serão as prioridades? 5. O que é que vai mudar na Saúde? Falando em cativações, ou em pandemia, a Saúde promete ser um dos temas preferidos de Rui Rio para o debate – é um dos pontos mais difícil para o atual Governo e já foi muito explorado pelos outros adversários do socialista. Costa tem acordada com Bruxelas (por causa do PRR) uma reforma do funcionamento do sistema, apostando num regime (opcional) de dedicação plena no SNS, sabe-se também que Rio prefere maior colaboração do SNS com os privados. Neste ponto, será importante perceber até onde Costa e Rio se podem aproximar, não tanto no combate à pandemia, mas sobretudo para garantir que no futuro o sistema responderá. 6. O PSD quer privatizar a Segurança Social? Se Rio leva a Saúde para o debate, conte que António Costa leve a Segurança Social. Isto porque Rui Rio tem no seu programa eleitoral a introdução de um regime misto, que abre a porta ao investimento de parte das pensões de reforma de cada um. Mas o PSD não explica a reforma em detalhe e já se sabe que Costa é frontalmente contra. Rio conseguirá explicar a sua proposta? E admitirá ceder numa negociação futura ou insiste na ideia, para mostrar que do seu lado haverá “coragem reformista” – um slogan que tem sido muito vincado nestas semanas pelo PSD. 7. Como fazer crescer a economia (e os salários)? Área central no discurso do líder do PSD: é preciso fazer a economia crescer mais. Por isso, o PSD escolheu descer o IRC antes do IRS, logo nos primeiros anos da legislatura. Mas António Costa argumentará com a retoma pré-pandemia – e sobretudo com a necessidade de fazer crescer os salários – propondo-se a entregar um crédito fiscal, em IRC e IRS, incentivando esses aumentos. O que for mais esclarecedor neste ponto terá um trunfo para correr a estrada de campanha. Mas, claro, também é preciso ver se haverá pontes para entendimentos futuros neste campo. 8. O que quer negociar Rui Rio, em troca da governabilidade? Já passámos por este ponto antes, mas há uma dúvida pendente que exige resposta – se o objetivo do debate for esclarecer os eleitores: se os dois líderes, Costa e Rio, tiverem de falar depois de 30 de janeiro, que linhas vermelhas terão? Ou, dito de outra forma, o que exigirão em troca de um acordo? A pergunta é de difícil resposta em plena campanha – onde ambos procuram diferenciar-se, para dar motivos aos indecisos para uma escolha -, mas também é certo que os mesmos eleitores têm valorizado a estabilidade, como mostra todas as sondagens publicadas. Assim, a pergunta é esta: Rio quererá negociar impostos, leis laborais, ou antes prefere fazer de contrapartida de um apoio as reformas em que mais tem insistido – as da justiça e do sistema político? E o PS, que exigirá do PSD para apoiar o seu primeiro orçamento?

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