quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Quem tem agora 50 anos terá uma reforma miserável daqui a 15 anos. Porque é que não se fala disto? EXPRESSO - OPINIÃO . Henrique Raposo

Expresso #liberdadeparainformar SITE PROVISÓRIO Menu OPINIÃO Quem tem agora 50 anos terá uma reforma miserável daqui a 15 anos. Porque é que não se fala disto? É chocante ouvir partidos a prometer aumentos de pensões de reforma. Não. Lamento, mas as reformas atuais ou têm de ser congeladas ou têm até de diminuir, porque o sistema está falido e é incrivelmente injusto para quem ainda não está reformado Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on LinkedInEmail this to someone 10:22 27 Janeiro, 2022 | Henrique Raposo A presença de novos partidos, sobretudo o Livre e a IL, transformou o ar da campanha. Fala-se de outras coisas e de outras maneiras. Os debates são mais interessantes, os próprios jornalistas e o público em geral estão mais atentos a outros assuntos. Por exemplo, a ultrapassagem que os países de leste estão a fazer a Portugal não é de agora, é um processo histórico com anos. Mas agora, devido à presença da IL, esse facto tornou-se num facto da agenda. Qual é a diferença entre um facto e um facto da agenda? Um facto sobe na vida e passa a ser um facto da agenda quando os “gatekeepers” que definem a agenda já não conseguem esconder a evidência; isso acontece quando a evidência é demasiado grande, já grotesca. Até esse momento, um facto pode ser desprezado enquanto mera opinião dos loucos da aldeia como eu. As pessoas sérias e responsáveis, ui ui, só falam de factos quando eles já estão na agenda – mas não se esforçam por colocá-los na dita agenda. São pessoas sérias e responsáveis. No entanto, ainda há assuntos que permanecem no campo do tabu, são factos mas não são factos da agenda. A segurança social e o evidente colapso do sistema de pensões é um bom exemplo. Com a excepção da IL, não vi nenhum partido a defender um novo olhar sobre o sistema de pensões e mesmo a IL não fez disto um tema central de campanha. Quem é que defende as pensões das minhas filhas? Quando começarem a trabalhar daqui a 5, 10 ou 15 anos, os nossos filhos merecem descontar para outro sistema, para um sistema novo e não falido como o actual. Dizer-lhes que têm de descontar para uma segurança social falida é mais um incentivo para a emigração. E deixemos de lado o futuro longínquo e concentremo-nos no futuro próximo. Um cidadão português que tenha agora 50 anos vai reformar-se daqui a 15 anos e encontrará uma pensão de reforma miserável, pois o colapso demográfico desta segurança social é um facto indesmentível. É por isso que é chocante ouvir partidos a prometerem aumentos de pensões de reforma. Não. Lamento, mas as reformas atuais ou têm de ser congeladas ou têm até de diminuir, porque o sistema está falido e é incrivelmente injusto para quem ainda não está reformado. Um aumento de pensões para quem já está reformado representa mais um corte – mais um – nas pensões no futuro próximo e – repito – não estou a falar do futuro dos nossos filhos, estou a falar de quem tem 50 anos e terá uma surpresa desagradável daqui a 15. Porque é que não se fala disto? Eu falo por mim: fui e sou destratado como “neoliberal”, “fascista”, “insensível” quando sublinho o facto insofismável: a segurança social está falida e é incrivelmente injusta com quem tem agora 50, 40, 30 ou 20 anos. Não se fala disto porque todos os partidos, sobretudo o PS e PCP, têm medo de assustar grande parte do seu eleitorado, constituído por reformados, que não querem ouvir falar em congelamento ou mesmo corte nas reformas. Este facto é tão gigantesco que não pode continuar a ser escondido, não podemos continuar a fazer política como se isto não existisse. Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on LinkedInEmail this to someone

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