quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

A vivacidade e a juventude estão à direita - Artigo de OPINIÃO - Henrique Raposo - Expresso

OPINIÃO A vivacidade e a juventude estão à direita A esquerda é maioritária em 2022, mas está envelhecida e tem um conjunto de eleitores estanque, sem renovação; PS e PCP são partidos envelhecidos; o BE tem um concorrente de peso na captura do voto jovem urbano (IL). É a direita que está a captar novos votos junto dos jovens, junto da abstenção e junto dos nulos/brancos Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on LinkedInEmail this to someone 10:37 3 Fevereiro, 2022 | Henrique Raposo Convém olhar para as eleições para lá da óbvia maioria absoluta de Costa. Essa maioria vai durar quatro anos; é preciso olhar para fenómenos orgânicos num tempo mais largo e lento. E o fenómeno mais interessante destas eleições é o crescimento orgânico da direita ou das direitas, que mostram uma capacidade de rejuvenescimento que a esquerda não revela. A esquerda é cada vez mais uma identidade dos mais velhos, que naturalmente vão diminuindo com o tempo. De 2019 para 2022, a esquerda perdeu 35 mil votos. Os três grandes partidos da direita, PSD, IL, Chega, ao invés, conquistaram 549 mil votos novos. De onde vêm estes votos? Em primeiro lugar, vêm dos jovens que votaram pela primeira vez. Alguns estudos indicam que os jovens estão mais à direita do que os mais velhos; a IL é claramente um partido da juventude urbana; por outro lado, também se veem muitos jovens nas atividades do Chega. A direita liberal e a direita nacionalista têm o fulgor que parece faltar a todas as outras forças políticas, a começar no PS, um partido há muito ligado a um eleitorado envelhecido, tal como o PCP. Em segundo lugar, vêm da abstenção. Foi a direita que foi buscar a maioria dos 138 mil novos eleitores que vieram da abstenção. Votaram no domingo 5 milhões, trezentos e oitenta e nove mil pessoas. Em 2019, tinham votado 5 milhões e duzentos e cinquenta e um mil. Sim, são apenas 138 mil novos eleitores vindos da abstenção. A taxa desce bastante, porque, segundo os dados oficiais, houve de facto uma limpeza de cadernos eleitorais. Em 2019, estavam inscritos 10 milhões e oitocentos e dez mil eleitores; agora o registo dá nove milhões e duzentos e noventa e oito mil. Resta portanto uma pergunta: houve ou não houve limpeza de cadernos eleitorais? A taxa de abstenção desceu mais pela subida dos votantes ou pela limpeza dos cadernos? Em terceiro lugar, o CDS perdeu 135 mil votos, que devem ter sido repartidos por PSD, IL e Chega. Em 2019, o CDS obteve 221 mil votos, agora teve 86 mil. Em quarto lugar, num ponto pouco salientado, os votos nulos e brancos também baixaram imenso. Tivemos menos 80 mil brancos e menos 74 mil nulos, que, mais uma vez, caíram na sua maioria nas forças da direita, Chega, IL e PSD. Portanto, se somarmos os votos novos que vieram da abstenção e dos nulos/brancos com a transferência de votos do CDS, ficamos com 427 mil votos. É quase a totalidade dos novos votos conquistados por PSD, IL e Chega. Ficam a faltar 100 mil e uns trocos. Nestes 100 mil, vamos encontrar de certeza milhares de novos eleitores, os jovens que votaram pela primeira vez. Portanto, há uma coisa que salta à vista: a esquerda é maioritária em 2022, mas está envelhecida e tem um conjunto de eleitores estanque, sem renovação; PS e PCP são partidos envelhecidos; o BE tem um concorrente de peso na captura do voto jovem urbano (IL). É a direita que está a captar novos votos junto dos jovens, junto da abstenção e junto dos nulos/brancos.
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