quarta-feira, 28 de abril de 2021

O INFERNO DA VIA DE CINTURA INTERNA no PORTO - JN

 Pagar a fatura da VCI POR Rafael Barbosa Diretor-adjunto A pandemia disfarçou o problema durante um ano. Mas, a cada etapa em direção ao desconfinamento, dá-se mais um passo no regresso ao inferno da Via de Cintura Interna, a autoestrada que divide o Porto em dois e que se tornou incontornável na distribuição de tráfego local, regional e nacional. Há uns anos, quando se concluiu a A41 (a circular externa) e abriu o troço final da A4 (a circular intermédia), a melhoria foi evidente, com uma boa parte do tráfego a fugir da VCI – fossem automobilistas com pressa de chegar ao trabalho ou de regressar a casa, fossem os pesados de mercadorias, sobretudo os que tinham o Porto de Leixões ou o Aeroporto como destino. O que eventualmente se acrescentava em quilómetros, poupava-se em tempo. Mas depois veio a crise e, em outubro de 2010, chegaram as portagens na A41, A4 e A28, até aí conhecidas por scut (sem custos para o utilizador). O preço das alternativas à VCI tornou-se incomportável para muitos cidadãos e empresas e a situação agravou-se ao ponto de já nem ser possível falar em horas de ponta. O caos passou a ser permanente. Na semana passada, foi divulgada uma proposta de um grupo de trabalho que junta a Infraestruturas de Portugal e as câmaras do Porto, Matosinhos e Maia, que prevê a retirada de dois pórticos na A4 (entre a A28 e a A3), abrindo de novo uma circular intermédia parcial e gratuita, que permitiria retirar dois mil camiões por dia da VCI. O problema é que o jogo do deve e haver obriga a criar dois novos pórticos, um na A28, outro na A3. Ou seja, o preço da retirada de camiões da VCI seria pago por milhares de cidadãos que trabalham no Porto, mas vivem nos concelhos a norte e nascente da Área Metropolitana (Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Trofa, Valongo) e não têm alternativa de transporte razoável para as suas deslocações pendulares. Há propostas que não chegam a sair do papel. É provável que esta seja uma delas. A VCI precisa de uma solução urgente, mas a fatura não pode ser paga por quem já tem dificuldade em esticar o salario até ao fim do mês.

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