quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

PINHO NÃO TEM DINHEIRO PARA PAGAR A CAUÇÃO - JORNAL EXPRESSO - HUGO FRANCO - JORNALISTA

Falta de cartões e passaporte no dia do interrogatório no DCIAP é para o Ministério Público um sinal de que o ex-ministro da Economia tem "medo" que as autoridades conheçam "onde se encontram localizadas as quantias monetárias que dispõe". Estas são informações que constam no despacho do juiz Carlos Alexandre a que o Expresso teve acesso. O seu advogado, Ricardo Sá Fernandes, garante que Pinho não tem dinheiro para pagar a caução de 6 milhões 16 DEZEMBRO 2021 12:5 Odespacho do juiz Carlos Alexandre, a que o Expresso teve aceso, o procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) Hugo Neto pretendia que Manuel Pinho ficasse em prisão preventiva, em alternativa em prisão domiciliária ou em liberdade com em liberdade mas obrigado a pagar uma caução de 10 milhões de euros. Carlos Alexandre viria a baixar a quantia da caução para 6 milhões de euros. E a considerar "excessiva" a medida de prisão preventiva. Mas corrobora com o Ministério Público quanto ao perigo de fuga e subtração à ação da justiça por parte do casal Pinho. Daí ter determinado o pagamento da caução de 6 milhões de euros até um prazo de trinta dias. Quando e se pagar a caução, Pinho está proibido de se ausentar para o estrangeiro, devendo por isso entregar o seu passaporte. Para o Ministério Público (MP), "existe um risco sério" de Manuel Pinho e a sua mulher Alexandra Pinho "continuarem a dissipar o património que foi ilicitamente conseguido e se encontra oculto e em parte incerta fora de Portugal" e usá-lo "para se eximirem à ação da justiça". O MP garante que é "claro, concreto e intenso" o risco de fuga pelo facto de ambos os arguidos manifestarem "uma grande mobilidade", "dizendo viver em Espanha", e deslocando-se habitualmente, assim que terminarem as restrições pandémicas, aos Estados Unidos - onde mantêm um apartamento adquirido através da offshore Blackwade por 1 milhão de euros, proveniente da Tartaruga Foundation e do Grupo Espírito Santo - China (país onde dá aulas, além dos EUA), Austrália, Brasil e Reino Unido, onde vivem filhos de cada um dos arguidos. O MP sublinha que até à pandemia Manuel Pinho era contratado "e bem remunerado" para dar conferências em diversos países. E que a permanência do ex-ministro da Economia nos interrogatórios no DCIAP "não permite considerar mitigado o perigo de fuga". O despacho revela que quando Manuel Pinho foi submetido a revista antes do interrogatório no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), na última terça-feira, não detinha qualquer meio de pagamento (nem dinheiro nem cartões de débito ou crédito), "o que evidentemente se estranha" e "demonstra o seu medo" de que o Ministério Público conheça "onde se encontram localizadas as quantias monetárias que dispõe" na sequência "dos comportamentos ilícitos". PINHO NÃO TEM DINHEIRO PARA PAGAR CAUÇÃO DE 6 MILHÕES O seu advogado Ricardo Sá Fernandes já afirmou que Pinho não tem dinheiro para pagar essa caução, a mais alta aplicada em Portugal. "Manuel Pinho não tem seis milhões de euros, pelo que vai ficar na situação de obrigação de permanência em casa, prisão domiciliária", referiu o advogado aos jornalistas esta quarta-feira no Campus da Justiça, adiantando que vai recorrer da decisão. O ex-ministro "vai ficar em Portugal", uma vez que tem património no país e "nos últimos cinco anos não vendeu coisa nenhuma". Sá Fernandes disse apenas que Pinho vai ficar no "Norte do país", numa casa que "ainda não está concluída". Para já, foi para a morada "provisória" de um familiar no Algarve, não passando a noite detido, mas sim sob vigilância policial.

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