sábado, 12 de fevereiro de 2022

O “erros” de João Pinheiro, o “comportamento deplorável” dos jogadores, o “feio e degradante” final do jogo (a análise de Duarte Gomes)

Expresso #liberdadeparainformar SITE PROVISÓRIO TRIBUNA O “erros” de João Pinheiro, o “comportamento deplorável” dos jogadores, o “feio e degradante” final do jogo (a análise de Duarte Gomes) O antigo árbitro internacional comenta o FC Porto-Sporting de sexta-feira, o comportamento dos jogadores e bancos durante a partida e os acontecimentos do final do encontro, que chama de “provavelmente uma das páginas mais feias do futebol profissional em Portugal” 10:22 12 Fevereiro, 2022 | Duarte Gomes Conclusões rápidas sobre o que aconteceu sexta-feira no Estádio do Dragão: 1 – O ÁRBITRO João Pinheiro, para mim o melhor árbitro português da atualidade, fez um mau trabalho. Embora empurrado (e muito) pela conduta absolutamente vergonhosa da maioria dos intervenientes, o internacional bracarense cometeu vários erros ao longo do jogo, dois deles com relevância potencial no resultado final da partida. A grande verdade no meio desta ilação? Nenhum árbitro faria melhor naquelas circunstâncias. Nem um. Que ninguém duvide nunca disso. 2 – OS JOGADORES Comportamento deplorável de muitos deles, ao longo de todo o jogo. Os nervos, a adrenalina e a enorme pressão a que estiveram sujeitos justificam (apenas) parte menor do que aconteceu. Tudo o resto – de empurrões a falsas lesões na cara, de confrontos sucessivos a empurrões gratuitos, de protestos excessivos a práticas antidesportivas constantes – foi de fazer corar qualquer cristão. Conduta totalmente indesculpável em alta competição. Um jogador de topo sabe que é sistematicamente escrutinado e que sobre si recaem as atenções de um universo de pessoas. Sabe que tudo o que faz impacta diretamente naqueles que o admiram, naqueles que o têm como referência. Um atleta deste nível sabe que, para ser respeitado, tem que respeitar. Tem que respeitar o jogo, o adversário, os árbitros e o público. Tem que ter inteligência emocional. Na sexta-feira foram vários os jogadores que se comportaram como verdadeiros garotos, passando de si próprios uma imagem a roçar o terceiro-mundista. Não vale tudo para ganhar, mas sexta-feira não pareceu. 3 – OS BANCOS TÉCNICOS Não precisavam de ter cadeiras. Investimento desnecessário. Em muitos momentos do jogo, técnicos, médicos, suplentes, delegados ao jogo, fisioterapeutas, preparadores físicos, roupeiros e afins estiveram de pé, ora a refilar, ora a saltar, ora a insultar, ora a protestar. Foi o mundo ao contrário, em versão rasteirinha, que ali se repetiu até à exaustão. Ninguém parece se chatear com isso. É sinal que nós, cá fora, estamos todos errados e eles é que estão certos. Só que não. 4 – OS ADEPTOS NO ESTÁDIO E OS ADEPTOS EM CASA Os que foram ao estádio pagaram bilhete (e se calhar quotas) e vestiram-se a rigor. Saíram mais cedo de casa ou do trabalho, levaram todo o seu entusiasmo e paixão. Abdicaram de uma bela noite de sexta-feira pela bola. Depois foram brindados com um espetáculo, a espaços, degradante, típico daqueles futebóis que às vezes nos entra pela casa dentro vindo da América do Sul. Se calhar, na altura, até tomaram partido pelos seus e colocaram-se ao lado deles. O amor à camisola faz destilar emoção e isso faz parte. Mas mais a frio, já no quentinho do lar e bem distantes de toda aquela adrenalina, não será que estarão a pensar no dinheiro, no tempo e no investimento que fizeram? Como se estarão a sentir? Felizes ou defraudados? Saciados ou roubados? Mereciam? E aqueles que, igualmente fiéis, ficaram em casa, colados ao ecrã? Aqueles que pagam canal premium para ver o clube do coração? Aqueles que não foram jantar fora com a família para não perder pitada do jogo? Terão pensado depois o quê? Não há indemnização nenhuma que lhes faça justiça. 5 – O FINAL DO JOGO Provavelmente uma das páginas mais feias do futebol profissional em Portugal. Não é fácil imaginar algo pior. Algo mais feio e degradante. Mais ofensivo. Já nem está em causa quem ou como começou. O que se passou ou o que motivou. Honestamente nem percebi bem. Tudo aquilo foi simplesmente asqueroso. Pseudo-agressões, violência camuflada, empurrões, abanões, quedas, puxões, agarrões, corridas desenfreadas, perseguições, ameaças, insultos, com tudo e todos ao barulho. Culpados e inocentes misturados e árbitro a disparar cartões. Aconteceu ali tudo o que nunca poderia acontecer no futebol em Portugal. Que não venha ninguém tentar justificar o que ali se passou. Que ninguém o tente branquear ou relativizar. Nao nos ofendam, se faz favor. O futebol português é fantástico, tem executantes, técnicos e dirigentes de qualidade ímpar. Não pode voltar a permitir que esta loucura se repita. Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on LinkedInEmail this to someone Em Destaque

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