quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Restrições em Espanha dão uma ajuda. Aeroporto de Faro tem previstos mais de 100 voos por dia no último fim de semana de Fevereiro

Foto: Joana Mohanu Restrições em Espanha dão uma ajuda: turismo britânico aumenta no Algarve durante as férias escolares de fevereiro Aeroporto de Faro tem previstos mais de 100 voos por dia no último fim-de-semana de fevereiro, coincidindo com o período de férias escolares no Reino Unido 22:26 9 Fevereiro, 2022 | Conceição Antunes O alívio das restrições em Portugal, nomeadamente com o fim da obrigatoriedade de todos os viajantes apresentarem testes covid negativos independentemente de estarem vacinados, está a ter impactos no turismo. No Algarve, a principal região turística do país, as perspetivas para fevereiro são positivas, sobretudo para a última semana do mês, que coincide com o ‘half-term’, período intermédio de férias escolares no Reino Unido. “Desde o início de fevereiro, as taxas de ocupação nos aviões subiram para cerca de 70% e, no último fim-de-semana de fevereiro, o aeroporto [de Faro] está com mais de 100 aviões por dia, o que é muito interessante nesta fase que ainda vivemos”, constata João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA). As reservas de viagens para Portugal dispararam desde o levantar das restrições, fazendo antever uma forte procura de turistas externos, sobretudo de britânicos, o principal mercado turístico do país – o que é representativo de um movimento de “consumo de revolta” face a pessoas que se viram impedidas de viajar no período do Natal e do Ano Novo devido à covid-19, segundo frisa João Fernandes. “Em fevereiro já estamos com boas perspetivas, ainda não a níveis de 2019, mas de março a maio já estaremos a esses níveis, se não houver contratempos”, refere o responsável da Região de Turismo do Algarve, referindo que “a sensação é a de que estamos a chegar ao ‘phasing out’ da variante Ómicron, que está a levar a uma queda generalizada de restrições na Europa”. Algarve prevê ter o golfe a níveis de 2019 No Algarve já se sentem os efeitos diretos do levantar de restrições em Portugal, nomeadamente com o fim de os viajantes terem de apresentar teste à chegada, com o aumento de reservas para a época de golfe, que vai de março a maio, e que este ano deverá ficar “a níveis próximos de 2019, não havendo mais contratempos de maior”, segundo o presidente da RTA. O principal constrangimento que se coloca para este período que se antevê de forte procura é mesmo o da falta de trabalhadores, e nesta altura os campos algarvios já estão em fase de contratar pessoal. “Os testes obrigatórios para os jogadores de golfe poderem viajar do Reino Unido a Portugal ficavam mais caros que os próprios voos”, nota João Fernandes. Em 2021, o Algarve – que representa dois terços (cerca de 66%) da atividade de golfes no país – totalizou 756 mil voltas, num aumento de 5% em relação a 2020 mas ainda assim com uma quebra de 44% comparativamente a 2019. Em 2022, na próxima época de golfe, e face às reservas que têm até ao momento, o Algarve já prevê estar ao nível “do melhor ano de sempre”, 2019, em que atingiu 1 milhão e 350 mil voltas. São “boas notícias” para o Algarve, que também para a Páscoa e o verão está com as reservas em alta. “Ajuda muito estarmos com este tempo soalheiro”, refere ainda o presidente da Região de Turismo do Algarve. Para os “que têm filhos a cargo”, prevê-se um bom período no Algarve para os ingleses, cujo país faz uma pausa letiva de 21 a 25 de fevereiro, mas que também tem o hábito de fazer férias intermédias nos postos de trabalho de 14 a 18 de fevereiro, segundo frisa João Fernandes. Também para os que não têm filhos, e que são jogadores de golfe, o Algarve prevê-se um local de forte procura, para britânicos ou turistas de outras nacionalidades, na época alta que vai de março a maio, e com perspetivas de reservas elevadas até à Páscoa e ao verão. Espanha criticada no Reino Unido Portugal pode ter aqui algumas vantagens competitivas em relação a Espanha, que continua a exigir que jovens dos 12 aos 18 anos só possam entrar no país com as duas doses de vacina completas, algo que está a ser considerado nos meios de comunicação britânicos como “regras ridículas”. Várias famílias do Reino Unido estão a cancelar as viagens do meio de período escolar em fevereiro para Espanha, em particular para as ilhas Canárias – destino popular entre os britânicos nesta altura do ano pelo bom tempo – devido ao facto de o país manter a exigência das crianças com mais de 12 anos terem de apresentar certificado de vacina à covid com as duas doses completas. Os hoteleiros das ilhas espanholas estão a apelar ao Governo para o alívio destas restrições para poderem receber mais viajantes britânicos, sob pena de perderem receitas que seriam cruciais nesta altura do ano. Segundo Jorge Marichal, presidente da Associação de Hoteleiros de Tenerife, citado pelo “The Guardian”, “a perda pode ser de quase 400 milhões de euros nas Ilhas Canárias”, e falando apenas dos hotéis, pois tendo em conta “a economia dos restaurantes” o “impacto é enorme”, já que “temos mais de 2,5 milhões de cidadãos britânicos que vêm a Tenerife todos os anos”, sendo esta parte do ano uma das mais importantes. Como explicou um responsável por uma agência de viagens no Reino Unido, muitos jovens com mais de 12 anos não podem ser vacinados por terem contraído covid nas últimas semanas, ‘castigando’ desta forma os pais e impedindo-os de viajar, num período em que ainda imperam regras confusas ao nível dos vários países europeus. O problema não se coloca em Portugal, onde são reconhecidos os certificados de recuperação à chegada, não só para os maiores de 12 anos como para adultos. E todas as pessoas com vacinação completa à covid já podem entrar livremente, sem a necessidade de fazerem testes ou quarentenas.

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