quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022
UCRANIA _ Um trabalho de Henrique Salles da Fonseca, com mapa, tudo muito bem explicado.
UCRÂNIA
Henrique Salles da Fonseca 01.02.22
UCRÂNIA.png
Tal como a conhecemos hoje, a Ucrânia é o somatório de um núcleo original e de umas quantas doações territoriais russas tanto czarinas como soviéticas. Constato o facto mas desconheço o que possa ter estado na base de tanta magnanimidade.
Passando sobre a História num voo rápido, constatamos que Putin herdou uma situação absurda para os interesses estratégicos da Rússia com a Esquadra do Sul sedeada em Sebastopol, entretanto situada em território estrangeiro, a Ucrânia, istmo da península da Crimeia. Mais ainda, regiões russófilas.
A Rússia tem três bases navais estratégicas, a saber: Murmansk no Ártico com limitações à navegação de superfície; Vladivostok no Mar do Japão; Sebastopol no Mar Negro e, daí, acesso ao Mediterrâneo através do Bósforo e dos Dardanelos.
Se Murmank tem condicionantes climáticas (inultrapassáveis) e se Vladivostok está «noutra guerra», Sebastopol é fundamental para os interesses russos na metade ocidental da Terra. Assim se compreende a primeira iniciativa de Putin ao tomar a Crimeia e a região de Sebastopol. A segunda iniciativa de Putin é a que está em curso e tem como duplo objectivo a reunificação da Nação Russa pela reabsorção das regiões russófilas sob jurisdição ucraniana e, assim, conseguir uma zona de segurança entre a Ucrânia e Sebastopol. Mais conversação, menos Divisões militares, isto vai acontecer mediante concessões. Quais? Imagino que com o fim do actual regime bielorusso e com a resolução do exclave russo de Kaliningrad/Königsberg ou outras contrapartidas que não imagino por enquanto.
E depois?
Depois deste acordo, Putin vai dizer a Erdogan para sair da NATO a fim de «libertar» o Bósforo e, aqui sim, vejo uma situação muito melindrosa. Por agora, não imagino uma solução tranquila a menos que ocorra alguma alteração radical nos actuais actores em cena.
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