quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Palavras portuguesas no dialecto Árabe Magrebino, falado correntemente em Marrocos.

Influências do Português na Darija Marroquina

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 As muralhas portuguesas de Arzila
A Darija Marroquina é o dialecto Árabe Magrebino falado correntemente em Marrocos.
Falado, porque apenas o Árabe Clássico (Al-Arabia Al-Fus’ha) pode ser escrito com o alfabeto Árabe, o que significa que a Darija apenas pode ser transcrita com a ajuda do alfabeto latino.
É um dialecto porque tem o seu próprio sistema léxico (vocabulário), sintáctico (de organização das palavras na frase) e fonético (pronúncia), dentro de uma forma restrita da própria língua Árabe.
Resulta de influências introduzidas em duas situações principais:
A primeira, com alterações na sua pronúncia e em alguns aspectos gramaticais, através da influência das várias línguas Berberes, situação que se vem processando desde a conquista do Magrebe no século VIII pelos Árabes.
A outra resulta da adopção de vocábulos do Francês e Espanhol, durante a primeira metade do século XX, com o estabelecimento dos protectorados.
Mas a Darija Marroquina tem uma outra influência, bem mais antiga do que a Francesa ou Espanhola, apesar de  muito mais limitada _ a influência Portuguesa, que data do período do estabelecimento das praças fortes de Portugal na costa de Marrocos a partir do século XV.
Se bem que durante a maior parte do tempo as praças portuguesas em Marrocos vivessem sob um clima de guerra, houve períodos em que se estabeleceram acordos de paz, sobretudo nas do Norte, que permitiram que as zonas que as circundavam, e que se consideravam como na sua área de influência, fossem cultivadas pelos chamados “mouros de paz”, os quais pagavam um tributo á coroa Portuguesa.
Há inclusivamente relatos de uma convivência de boa vizinhança entre os governantes de algumas das praças, caso de Arzila, e as autoridades dessas áreas circundantes, durante esses períodos.
A cisterna portuguesa de El-Jadida
Infelizmente as poucas palavras de origem Portuguesa ainda existentes na Darija Marroquina tendem a desaparecer, subsistindo ainda no vocabulário dos mais antigos, sobretudo nas zonas rurais.
Algumas que apresentamos como exemplo referem-se a elementos introduzidos nos costumes de Marrocos nessa altura, sejam peças de vestuário, como Qamija (camisa), Saia (saia), Sabate (sapato) ou Randa (renda), mobiliário ou utensílios, como Qabeta (gaveta), Garro (cigarro), Mário (armário) ou Qarrossa (carrossa), ou ainda outros termos importantes durante a presença Portuguesa, como Brassa (praça) ou Dutur (doutor).

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