“RECORTES”
Nº 1
O FANATISMO DE PARTIDO 09.03.2014
Introdução: O título provém de uma
passagem do excelente artigo de Opinião, com o título “Deus nos proteja”, de
Vasco Pulido Valente, editado no jornal “Público” no dia 08/03/2014, e já
publicado neste Blog. Este artigo, dotado de uma dinâmica estrutural inserida,
impulsionou-me a publicá-lo novamente, agora debaixo de outro título, e com
realces de minha conta, dado que vem também aludir ao que será o comportamento
do eleitorado português, face à aproximação de mais umas eleições, neste caso
as Europeias. Certamente, não me levará a mal Vasco Pulido Valente, até porque
publico na íntegra o artigo como foi editado, só que, diz várias verdades tão
importantes, sobre as quais eu tanto tenho constantemente insistido, que não
resisto a realçar algumas delas perante os meus leitores do Blog.
Henrique
de Almeida Cayolla.
Lembremos
então o que diz Vasco Pulido Valente:
«Não
gosto nem do sr. Rangel, nem do sr. Assis. Bem sei que há eleições para o
Parlamento Europeu e que tanto um como o outro não conseguem pensar em mais
nada. Mas são os dois símbolos perfeitos de tudo o que a política portuguesa tem de mais
triste e desprezível: o fanatismo de partido, ou, se preferem, para usar a
nojenta linguagem do meio, o “amor à camisola”.
Ora o “amor à camisola” não me parece qualificação bastante ou
recomendável para representar Portugal na União numa altura de crise para a
própria União e para o país. Quinta-feira, na televisão, o sr. Rangel e o sr. Assis desceram à
mais baixa zaragata a propósito das duas seitas que representam e que, para
eles, parecem resumir o mundo. Sem vestígio de inteligência ou
dignidade gritaram durante quase uma hora com o único propósito de mostrar que
eram “combativos”, como as “bases” querem, muitíssimo capazes de arranjar
votos.
Nenhum
percebeu o sofisma em que assenta este comportamento aberrante. Só 14%
do eleitorado acredita nos partidos. Pior
ainda: mesmo esses 14% não serão com certeza determinados pelo espectáculo de
injúria e de cólera encenada e falsa que lhes oferecem os candidatos, venham eles de onde vierem. De resto, o sr. Rangel e o sr. Assis
não trouxeram à conversa o mais vago argumento compreensível, convincente e
novo. Com uma persistência que demonstra a vacuidade das suas tribunícias
cabeças, repetiram a ladainha da praxe. O sr. Rangel acusou o PS da bancarrota
nacional e de trazer a troika para Portugal; e o sr. Assis
passou a culpa da presente miséria para o deliberado “neo-liberalismo” do
Governo. Não falharam um lugar-comum e, depois, discutiram o “consenso”.
Durante
todo o espectáculo não se viu uma sombra de educação genuína, de pensamento
original, ou, pelo menos, de responsabilidade política. Qualquer assunto servia (por
exemplo: a manifestação da polícia), para voltar à sopa requentada da querela
entre o PS e o PSD. É mais do que evidente que o sr. Rangel e o sr. Assis não percebem que o português comum
verdadeiramente não se interessa por essa repugnante guerra e que, não parando de falar dela, os
facciosos de serviço lhe estão na prática a mentir. Não apareceu até agora uma
exposição séria sobre o estado de Portugal, sobre os quatro anos de troika ou
sobre o futuro da Europa. E pretendem eles que o país lhes dê uma sinecura em Bruxelas, bem protegidos do desespero e da miséria indígena, em nome dos méritos do PS e do PSD…
Deus nos proteja.»
EPÍLOGO:
Como se verifica, o povo português está
muito mal servido com o sistema, com os partidos actuais e com os políticos.
Por isso mesmo é que tem de se deixar de pruridos e de clubites, e inverter
radicalmente o rumo da nossa triste, desastrosa e ineficaz democracia.
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