Eu achava que já tinha visto, lido e ouvido tudo quando um dia Jorge Jesus se pôs a citar Blaise Pascal ou Lenine nas conferências de imprensa. É como se trouxesse aquelas frases na algibeira com ele para largá-las como quem puxa do ás de trunfo (e atenção que Jesus é craque da sueca) em cima da mesa e diz: - Estão a ver como é? Só que às vezes não é bem assim e o diz-que-disse pode sair truncado se a cartilha não estiver na ponta da língua – Julen Lopetegui tentouir à língua morta para reavivar memórias e falhou tal como falharam os senhores do Bloco de Esquerda no cartaz de Passos e de Merkl (daqui a pouco, perceberá que há mais pontos de contacto entre a bola e a política). Mas, como diz Jesus (é sempre bom ter referências bíblicas), uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa e o futebol falado não tem nada a ver com o jogo jogado e com o jogo treinado – tal como este FC Porto não tem nada a ver com o FC Porto da primeira volta. Este que derrotou o Sporting por 3-0 é mais seguro e matreiro e agressivo sobre a bola e há duas ou três razões que justificam a mudança: 1) os bons jogadores que tem; 2) a estabilidade no onze, no pós-rotativismo-vá-se-lá-perceber-porquê de Lopetegui; 3) e os bons jogadores que tem. Porque quem tem Jackson, Tello, Brahimi, Herrea, Quaresma, Danilo e Alex Sandro arrisca-se a ganhar mais do que uma equipa que tem Montero, Adrien, João Mário, Tobias e Jonathan Silva. Os golos foram fotocópias uns dos outros e com eles caíram duas frases feitas: a de que os comboios não passam duas vezes (Tello é a prova); e a de que o Sporting é crónico candidato ao título (os 12 pontos de atraso são a prova). E o resto são cantigas. De Caetano Veloso. OUTRAS NOTÍCIASIsto da política e da bola tem muito que se lhe diga e para aqueles que dizem que estas não se devem misturar eu digo-lhes que uma e outra devem ser jogadas da mesma forma: em antecipação. E estando nós a 7 meses do grande dérbi a que chamamos legislativas entre PS vs. PSD+CDS (?), a campanha já começou. Primeiro, o Primeiro garantiu ao Expresso que ia a jogo para ganhar sozinho e que o rival António Costa era uma receita para o “desastre”. E o que Costa decidiu foi contra-atacar, lembrando ao público, perdão, ao cidadão eleitor, o que ele fez por Lisboa. Números são com António Costa, embora Helena Roseta discorde.
Em discordância também estão historiadores e comentadores sobre um assunto que é melindroso porque mexe com a vida mas sobretudo com a morte: na Alemanha, o “Mein Kampf” de Hitler vai ser reeditado. Por um lado, há quem diga que os alemães estão prontos para enfrentar os fantasmas; por outro, que isto é nocivo para a humanidade porque a intolerância e o fundamentalismo andam por aí vestidos de preto e com a cara tapada. A Baviera, que detém os direitos do livro, prepara-se para a venda ao público em 2016. E em 2016 há eleições parlamentares na Rússia e o Finantial Times diz que estas já estão comprometidas com o assassinato de Boris Nemtsov. Nemtsov era crítico de Putin, liderava o único partido anti-regime legalizado e morreu, com quatro balas nas costas. Às portas do Kremlin. Putin diz que vai investigar e que quer justiça mas milhares de pessoas têm outro ponto de vista. À vista de todos os que têm Netflix esteve a 3.ª temporada da série “House of Cards” que estreou este fim de semana. Nos sítios onde o Netflix ainda não chegou, pirateou-se e pirateou-se muito mas em nenhum outro sítio se pirateou tanto como na… China. E agora que o Frank e a Clarie Underwood estão de volta, a Atlantic deixa-nos um guião para o que aí vem. E o que vem lá? O futuro. Em Barcelona realiza-se o Mobile World Congress, a Meca de todos os fabricantes e adoradores de telemóveis de todo o mundo. O telefone portátil é um negócio que vale milhares de milhões de euros e as marcas apostam na montra e a estrela dese ano deve ser o Galaxy S6. CITAÇÕES"Como é que se paga voluntariamente uma dívida prescrita? Se prescreveu, não há dívida." Marcelo Rebelo de Sousana TVI sobre Pedro Passos Coelho"Se fosse hoje não teria entregado o honoris causa a Ricardo Salgado." João Duque, ex-presidente do ISEG, em entrevista ao Jornal i de hoje "A minha carreira estava a ir por outro caminho. Eram duas épocas sem ganhar títulos mas parecia-me vinte anos sem vencer. Para mim é importante sentir que ainda sou uma criança." José Mourinho, treinador do Chelsea, após o triunfo por 2-0 na Taça da Liga de Inglaterra diante do Tottenham, em Wembley"Acusar Portugal e Espanha de quererem derrubar o Governo grego do Syriza, como fez Alexis Tsipras, entra no domínio da alucinação".Nuno Melo, vice-presidente do CDS/PP, na sua página de Facebook O QUE ANDO A LEROs Blondie são um guilty pleasure que trago da infância quando o gira-discos lá da família tinha o vinil "Eat To The Beat" e dentro dele tocava a Atomic. E a voz da Debbie Harry, que o Telegraph recorda numa longa entrevista em que ela conta uma história daquelas: uma noite, apanhou um táxi que lhe pareceu insuspeito até ao momento em que reparou que lhe faltavam puxadores internos. A Debbie conseguiu sair do dito abrindo a porta pelo lado de fora e ficou intrigada com o taxista do qual ficou com a cara mas não com o nome. Tempos depois, os jornais chamaram-lheTed Bundy, o serial killer.
E de crime e violência sabe o senhor que se segue neste longform da SBNation em que um jornalista se fez passar por outro jornalista e conseguiu entrar na casa e na vida de Mike Tyson. Ao lê-lo ficamos sempre na dúvida se devemos odiar ou ter compaixão por este tipo que violou mulheres e que foi educado na miséria e treinado por mafiosos. O artigo é excelente e vive de frases como esta: “ All boxers are liars. Con men. The better the liar, the better the fighter. You realize this requirement immediately after you step inside a ring for the first time”. Para o fim, um exercício umbiguista... Deixo-vos a reportagem multimédia do Expresso sobre Edwin, o miúdo que joga no Estoril Praia que chupava pedras para enganar a fome no Quénia e aprendeu a sonhar com uma portuguesa. O trabalho foi pensado e idealizado e construído e imaginado pelo João Santos Duarte e pelo João Roberto.A fotografia é do José Carlos Carvalho, o web design do Tiago Pereira Santos e o desenvolvimento interactivo da Heloísa Neto, do Pedro Pinto e do Tiago Simão. Eu limitei-me a escrever. Depois, leia o Expresso Diário de hoje e pense que amanhã é o dia do Bernardo Ferrão, o editor de política do Expresso, que nos vai explicar como andam as modas e as coligações e os spinnings que impedem as gaffes de cair no vazio. E, já agora, se tiver aí o seu Expresso à mão, não se esqueça de usar o código que está na capa da Revista para seguir a atualidade da semana no Expresso Diário, sempre às 18h. Saiba como aqui
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