quinta-feira, 9 de abril de 2015

Expresso Curto: Bronca no Novo Banco: prejuízo à vista.... e muitos outros temas! LEIAM TUDO.

Expresso
Bom dia, já leu o Expresso CurtoBom dia, este é o seu Expresso Curto
Miguel Cadete
HOJE POR MIGUEL CADETE
Diretor-Adjunto
 
9 de Abril de 2015
 
Bronca no Novo Banco: prejuízo à vista
 
Bom dia!
Nós ou os bancos? A questão do Novo Banco já não é tanto quem fica com ele mas quem vai pagar o seu prejuízo. Se a proposta, ainda não vinculativa, do Santander for inferior a metade do que custou o Novo Banco isso quer muito simplesmente dizer que as entidades bancárias já instaladas em Portugal têm pouco ou nenhum interesse na compra de um banco que custou 4,9 mil milhões. Esse valor já terá sido desmentido por “fonte oficial do Banco Santander”, o que não evita a bronca. Depois de o BPI ter saído da corrida, a possibilidade de não existirem propostas por parte dos bancos que já têm balcões em Portugal (ou se apenas surgir uma) é por si só suficiente para fazer descer o preço. Um espanto, pois à partida seriam esses os que maiores vantagens, devido às economias de escala (isto é despedimentos e eliminação de outras redundâncias), retirariam dessa aquisição. A imprensa espanhola ainda acredita que “nuestros hermanos”, depois dos catalães do La Caixa abandonarem a corrida via BPI, ainda vão ficar com o antigo Banco Espírito Santo: o correspondente do jornal ABC em Lisboa continua a dizer que o Santander quer o banco bom do BES, chegando a declará-la “a noiva mais desejada do mercado financeiro luso”. Mas no Expresso Diário,Pedro Santos Guerreiro discute um cenário em que só restam potenciais compradores estrangeiros: Anbang (grupo segurador chinês), Fosun (chinesa, dona da Fidelidade), Apollo (norte-americana, dona da Tranquilidade) e Cerberus (uma “private equity”).Nomes que por ora pouco dizem aos contribuintes portugueses mas que estes forçosamente irão conhecer melhor. Seja porque um deles ficará com uma das maiores redes de balcões instalada em Portugal, seja por serem chamados a pagar a fatura dos 3,9 mil milhões de euros que o Estado investiu no Fundo de Resolução (num empréstimo aos bancos), a que se somaram mais mil milhões vindos diretamente dos bancos instalados em Portugal. O empréstimo do Estado aos bancos vence em agosto de 2016. Até lá saberemos quem paga o quê.

Tensão regressa à TAP. O Governo pode ter-se livrado da greve do Metro que estava marcada para amanhã, em simultâneo com a da Carris, o que provocaria certamente o pandemónio em Lisboa, mas pode não conseguir fugir ao bico-de-obra que é a TAP. Quando se volta a falar da privatização da transportadora portuguesa, o sindicato dos pilotos regressa à luta. Recorde-se que em 2013, a Procuradoria Geral da República considerou “inconstitucional e ilegal” o acordo celebrado em 1999 entre a companhia e os pilotos, que previa a atribuição de uma participação até 20% na transportadora. E o acordo celebrado em dezembro, que evitou uma greve de graves proporções no Natal, foi agora colocado em causa pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) devido à alegada “não reposição das cinco diuturnidades suspensas desde 2011 e incumprimento do acordo de 1999”. Para os dias 15 e 16 de abril está já marcada uma Assembleia Geral do SPAC. A greve pode estar por isso iminente. Uma surpresa para o ministro da Economia. Pires de Lima diz ter sido apanhado de surpresa mas acredita que “os acordos em homens de palavra são para se cumprir”.

Continua o bailinho da Grécia. A Grécia pode estar na bancarrota, apesar de manter um dos maiores orçamentos militares da Zona Euro, como sublinha o historiador Antony Beevor numa entrevista de fundo a ser publicada sábado na Revista do Expresso. A Grécia pode estar na bancarrota, dizia, mas continua a agitar fantasmas que mais ninguém vê. Sempre que apertados pelo pagamento de uma fatia dos empréstimos contraídos, Tsipras e Varoufakis regressam aos dois argumentos, os únicos?, que parecem ter para negociar. Ou para entreter os credores. As reparações de guerra devidas pela Alemanha, agora avaliadas em nada mais nada menos do que 279 milhões de euros (um valor similar aos dois programas de resgate da Grécia) ou a aproximação à Rússia de PutinA estratégia não parece dar muitos resultados práticos, além de conquistar tempo e de arrastar a situação. Mas para quê? Henrique Monteiro apanhou a deixa e no Expresso Diário pede a António Costa, líder do PS, que se pronuncie sobre esse nefasto namorico com a Rússia, contaminada de totalitarismo e anti-europeísmo. Pergunta também o que acha o PS sobre as reparações de guerra que já foram condenadas pelo seu homólogo alemão, Sigmar Gabriel, líder do SPD, que logo disse serem “estúpidas” essas pretensões da Grécia.

Afinal há uma lista VIP: a dos que podem espiar os nossos rendimentos. A Comissão Nacional de Proteção de Dados já se queixou ao Ministério Público pela criação de uma lista VIP, como hoje noticia o Diário Económico em manchete. Da lista farão parte quatro cidadãos: Cavaco Silva, Passos Coelho, Paulo Portas e Paulo Núncio. O processo já está em investigação pelo DIAP. Mas o que nos diz a revista Visão, que também chegou hoje às bancas, é ainda mais perturbante. Há três empresas privadas (Accenture, Novabase e Opensoft), contratadas pelo Ministério das Finanças, com acesso “excessivo” aos dados dos contribuintes portugueses. Mas ao todo são mais de duas mil pessoas fora do Ministério das Finanças as que têm acesso, sem qualquer restrição, à vida contributiva de cada um de nós. Às três empresas citadas, o Estado pagou 15 milhões de euros nos últimos três anos e meio.

OUTRAS NOTÍCIAS
Não há tomba-gigantes na TaçaO Sporting vai ao Jamor em busca do único título que ainda é possível esta época. O treinador Marco Silva cumpriu o objetivo de chegar À final da Taça de Portugal, ainda que sem brilhar e com um golo duvidoso, desta vez de Ewerton. Teve mesmo que ser um defesa a marcar, pois Slimani, Nani e João Mário voltaram a esbanjar oportunidades, tal como havia sucedido no último jogo da Liga contra o Paços Ferreira. O treinador do Nacional é que não gostou de perder e chegou à “flash interview” munido com um smartphone em que revelava um pretenso fora de jogo não assinalado no lance do golo. Mas aquele golo, obtido aos 85 minutos, não decidiu nada. Ao Sporting bastava o empate.

Obama é mais popular em Cuba do que os irmãos, Raul e Fidel, Castro, diz o El País na primeira página da edição de hoje, de acordo com a primeira sondagem alguma vez realizada naquela ilha das Caraíbas. O Papa Francisco e o rei de Espanha, Filipe VI, também ultrapassaram os Castro, de quem, contudo, os cubanos aplaudem a recente aproximação aos Estados Unidos da América. A sondagem revela ainda que a amostra não acredita numa alteração do rumo (nem do rum!) político da nação.

A campanha de promoção do AppleWatch já começou. Há vários jornalistas norte-americanos que já puderam testar o novo gadget, o primeiro da Apple nos últimos cinco anos, o único com o qual Steve Jobs nada teve a ver. Descontando o tom apologético, notam-se “mixed feelings”. O piloto de testes do New York Times diz que só ao quarto dia de utilização intensiva deste relógio inteligente, que custa 650 dólares (cerca de 603 euros), entendeu que o advento AppleWatch representava algo mais do que apenas outro écrã nas nossas vidas.

Família Le Pen às turras. Filha Marine está contra os desvarios do pai Jean Marie. Marine Le Pen teve uma trabalheira nos últimos anos para limpar a imagem nazi que o pai deixara no partido Front National. Os bons resultados que tem alcançado, apesar de não ter conseguido nenhum departamento nas últimas eleições, revelam os bons efeitos dessa operação  que muitos consideram de mera maquilhagem. Porém, o pai voltou à carga. E nos últimos dias investiu novamente na tese de que o Holocausto foi “um mero detalhe da história”, tendo também defendido o colaboracionista General Pétain do regime de Vichy. As diabruras de Jean Marie foram ainda mais longe quando se autoproclamou cabeça de lista nas próximas eleições regionais. O Guardian diz que se trata de uma reposição de King Lear, a peça de Shakespear, ou então de uma mera telenovela. O certo é que Marine acaba de marcar uma reunião do partido com o objetivo de afastar definitivamente o pai que, aos 86 anos, mantém o cargo de presidente honorário da Front National.

Made in USA: polícia abate Walter Scott com quatro tiros nas costas O vídeo de um polícia branco de Charleston, na Carolina do Sul, a assassinar, sábado passado, um negro pelas costas reacendeu nos EUA o debate sobre o racismo dos agentes da autoridade. Walter Scott corria em fuga quando foi atingido por várias balas, uma das quais trespassou o coração provocando-lhe a morte. O polícia declarou que havia agido em legítima defesa, o que vai contra o que apresentam as imagens. Um clássico, pois este caso sucede a crimes semelhantes em Nova Iorque, Ferguson e Cleveland ocorridos nos últimos meses. O New York Times aponta dois problema: falta de treino e de supervisão dos agentes policiais. Nunca fala de racismo. Michael Stager, o polícia, foi ontem acusado de homicídio e despedido da polícia.

FRASES
“É bom que os portugueses se habituem à normalidade democrática”Cavaco Silva, na Lousã, onde visitou o Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, justificando a marcação das eleições legislativas para o período que vai de 14 de setembro a 14 de outubro.

“Novo Governo não pode depender da vontade do Presidente da República”António Costa, enquanto pedia a maioria absoluta para o PS no próximo sufrágio.

“Os êxitos individuais em competições de primeira grandeza (Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo ou da Europa) são devidos, na sua maioria, a ‘exemplares únicos’”Comunicado do Comité Olímpico de Portugal, reclamando a existência de um modelo estável de desenvolvimento para o desporto português

“Twin Peaks sem David Lynch é como uma rapariga sem um segredo”Sheryl Lee, a atriz do elenco da série de TV que fez de Laura Palmer, em protesto pelo afastamento daquele realizador e criador de Twin Peaks da projetada temporada

“Não gosto assim tanto dos Nirvana”Frances Bean Cobain, filha de Kurt Cobain, durante uma entrevista de promoção ao documentário sobre o líder dos Nirvana. “Prefiro os Mercury Ver, Oasis e Brian Jonestown Massacre”, acrescentou, “a cena grunge não é o que me interessa”.

O QUE ANDO A LER
O catálogo da exposição “Rogier van der Weyden and the Kingdoms of the Iberian Peninsula”, que abriu nas vésperas da Páscoa no Museu do Prado, em Madrid. A exposição reúne, pela primeira vez, as maiores obras do pintor flamengo do século XV, juntando à “Deposição da Cruz”, o “Tríptico de Miraflores” e a “Crucificação”, sabendo-se que foi o recente restauro desta última o pretexto maior para esta mostra. A exposição, não sendo grande em quantidade, é sublime na sua qualidade. Porque sendo van der Weyden um dos mestres da pintura do Ducado da Borgonha, tendo trabalhado para Filipe o Bom e Isabel de Portugal, é obviamente meticuloso no detalhe ao mesmo tempo que, num segundo nível, prescinde da racionalidade. Amiúde, os seus protagonistas não são imagens mas sim estátuas tal o efeito tridimensional; aquelas perspetivas são pouco risíveis e a impossibilidade da sua arquitetura é recorrente. O melhor exemplo encontra-se, por ventura, na “Deposição da Cruz”, em que apesar do aparente decoro e solenidade da cena, uma segunda observação permite constatar que, afinal, Cristo não cabe naquela cruz, Maria Madalena e José de Arimateia estão descompostos e a “caixa” onde todos se encontram metidos não é suficiente para albergar os presentes. Tudo concorre, no fim de contas, para exacerbar um sentimento de angústia e para improvisar um sentimento maior do que a vida que não entra em tão exíguos espaços.

Porém, aquilo que é capaz de suscitar uma maior surpresa é a presença de duas obras de fatura portuguesa: um Santo Franciscano atribuído a Nuno Gonçalves e um desenho simples de Domingos Sequeira que procura reproduzir o que seria um quadro do próprio van der Weyden que terá estado exposto até ao início do século XIX no Mosteiro da Batalha (pelo menos é legendado com as palavras “na Batalha”). Ora, a presença desta tábua e do pequeno desenho incluído no famoso álbum de Domingos Sequeira servem para aproximar van der Weyden de Portugal sugerindo o curador da exposição, Lorne Campbell da National Gallery, que a sua influência é óbvia nos Painéis de São Vicente. Não só pela semelhança entre a forma de criar dramatismo nos retratos como também pelo facto de o crucifixo que o santo atribuído a Nuno Gonçalves empunha ser tão próximo do que aparece na “Crucificação” de Rogier van der Weyden. Por outro lado, o desenho de Sequeira, provaria também essa aproximação entre o mestre flamengo e os pintores portugueses. Duas hipóteses capazes de pôr os cabelos em pé aos historiadores de arte portugueses ao colocarem em causa a atribuição da autoria dos Painéis de São Vicente a Nuno Gonçalves. Patente até 28 de junho. A não perder.

Obrigado por ter chegado até aqui. Amanhã, quem tira o Expresso Curto é a Mafalda Anjos. Cuidado!, vai sair em chávena escaldada. Mas ainda hoje tem toda a informação atualizada em permanência noExpresso Online e, mais logo, lá pelas 18h, chega o Expresso Diário. É só usar o código que está na capa da Revista. Saiba comoaqui. E no sábado, claro, é dia de Semanário. Um resto de bom dia.
 

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