#tempo

#tempo: Dizem que ele era um homem que nunca tinha tempo. Sem tempo para ouvir os filhos, a mulher, os amigos. Sem tempo para ler, ouvir, conversar, sorrir, sentir a liberdade. Sem tempo para ver o mar, olhar o céu, parar numa esplanada para sentir o sol na pele. Sem tempo para saborear um doce, um vinho, um passeio, o riso de uma criança, uma palavra de amor. Morreu. O carro funerário levou-o a 20 à hora, atravessando o lugarejo rural onde ter tempo é coisa comum. A aldeia seguiu, em cortejo e a passo lento, o carro que levou o homem sem tempo que perdeu o seu tempo. O tempo será, agora, dos que ficaram para o luto que ele deixou e que carregam. Com saudades de um homem que não lhes deu tempo com medo de perder tempo. Caminhavam devagar porque o tempo dá para tudo. Até para chorar quem nunca soube gerir o tempo. (Para refletir).