Um espanto, dirão os adeptos. Nem por isso, gritará quem tem ouvido o treinado que nas últimas seis épocas serviu o Benfica. Mais do que liderar o Sporting, Jesus vai substituir Marco Silva. Não é coisa pouca. Marco foi o treinador do Sporting que melhores resultados obteve nos últimos 15 anos. Por seu lado, Jesus venceu 3 campeonatos nas seis temporadas em que esteve no Benfica. Mas os benfiquistas também sabiam que Jorge Jesus era incapaz de treinar outra equipa fora de Portugal. E que não podia aceitar o contrato que o presidente do Benfica lhe oferecia.
Não vale pena, por ora, discutir os termos desse acordo. Sabemos todos que Jorge Jesus terá trocado o Benfica pelo Sporting por uma melhor remuneração (ou não)! Se esse pecúlio foi assegurado por Alvaro Sobrinho ou outro sócio do Sporting vindo da Guiné, talvez ainda seja cedo para concluir, o certo é que Jesus se disponibilizou a ocupar o lugar de Marco Silva imediatamente depois de ter conquistado dois campeonatos para o Benfica.
O presidente do Sporting, depois de um emérito terceiro lugar e da conquista da Taça, poderá continuar a fugir em frente. Mas nem depois da contratação de Jesus, o seu melhor escudo, acreditará realmente estar a lutar pelo campeonato quando Nani, Slimani, Carrillo ou mesmo William e Cédrian ameaçam abandonar. Afinal, Jorge Jesus foi feliz no Benfica logo na primeira época, quando contava com Di Maria, Pablo Aimar, Javier Saviola e Fábio Coentrão. Há uma diferença que o presidente do Sporting não pretende ver. Mas ela está lá. Mesmo sem contar com todo o trabalho feito que se deita para trás.
A ida de Jesus para o Sporting, um terramoto anunciado, mais a sua incapacidade para liderar uma equipa estrangeira (quanto tempo duraria na Liga inglesa ou espanhola?) abriu espaço para a entrada de outro treinador no Benfica e, claro, no FC Porto. Na Luz, mercê de acordos estabelecidos há muito tempo, Rui Vitória é o nome mais esperado depois da boa campanha feita no Vitória de Guimarães. Falta. depois das notícias de hoje, saber para onde vai Marco Silva. E Lopetegui.
Você, que sabe tudo sobre futebol, dirá para onde vai o treinador do Sporting depois de Bruno de Carvalho ter jogado as fichas todas em Jorge Jesus. Às horas a que escrevo, a certeza é que os dois clubes de Lisboa ficarão certamente mais pobres.
A 9 de agosto, na final da Supertaça de Portugal, já sabemos queJesus estará a comandar o Sporting. Do lado do Benfica, falta saber quem Luís Filipe Vieira, órfão de dois campeonatos, irá escolher para liderar a equipa do Benfica. Nos bastidores, diz-se que um estrangeiro não é hipótese devido à falta de conhecimentos sobre a liga portuguesa. Entre os treinadores portugueses. Rui Vitória, que liderou o Guimarães segue na frente. Será que vai ganhar mesmo esse lugar?
Quem nada promete, ao contrário do Presidente do Sporting, é a coligação do governo. Segue a rigor a deixa de Bagão Félix ao citar os clássicos: "as promessas de hoje são os impostos de amanhã". Muito bem. Ou muito mal para a discussão sobre o futuro do país. O interesse nacional, à beira de eleições, é coisa pouca. O programa está à vista e segue o preceito aplicado nos últimos anos. A nave vai. "Queremos que os próximos quatro anos não sejam de sobressalto. Que as pessoas não saibam o que vai acontecer com salários,pensões, rendimentos ou a sua vida. Queremos que os próximos quatro anos sejam de segurança, estabilidade e previsibilidade" disse Passos Coelho. Está aberta a campanha eleitoral. Você que queria saber das suas pensões, da dívida da República, ou dos impostos que vai pagar, procure noutro lugar. Bruno de Carvalho estará lá.
OUTRAS NOTÍCIAS
A Grécia, e a Europa provavelmente, estão por um fio. Mas os encontros e as reuniões em busca do consenso que permite mais um resgate dos camaradas helénicos prosseguem a bom ritmo. Ou no mesmo ritmo dos últimos meses. A Grécia há-de pagar 300 milhões de euros no dia 5 de junho. E 1,5 mil milhões neste mês de junho de maneira a assegurar mais um resgate. Tudo normal em Queluz Ocidental. Esta noite aconteceu mais um encontro entre Tsipras, Juncker e Dijsselbloem. A Grécia garantiu que não haverá austeridade. As instituições, por seu lado, asseguram
a normalidade dos processos. Quem tem estratégias?
A Uber existe. As operadoradoras bloqueram o serviço. Ok, mas quem contratava um uber através de um site?Ninguém! O Banco de Portugal, de seguida, cortou os pagamentos por cartão de crédito. Tiro fatal? Pelo menos a estas horas. Não há carros na aplicação da Uber a servir em Lisboa. Tal como em Madrid ou Barcelona. Há que regulamentar ou é tudo uma grande reacionarice?
A privatização da TAP não vai avante. Ou vai? Depois da providência cautelar interposta pelo grupo liderado por António-Pedro Vasconcelos, a privatização da transportadora aérea congelou. Uma vitória que durou poucos minutos. O governo avisou que hoje mesmo iria apresentar uma "resolução fundamentada" capaz de fazer com que o processo vá por diante. TAP; serás paixão até ao fim, pelo menos enquanto existir o "interesse público" que o governo evoca.
Amanhã começa o Primavera Sound, no Porto, e já se percebeu que Patti Smith vai a ser a rainha da noite. Não só porque atua em duas ocasiões distintas mas também porque o evento volta a fazer jus aos seus pergaminhos. FKA Twigs, Belle and Sebastian e os confrades de Mark Kozelek garantem a credibilidade indie que os presentes buscam ali. Contudo, os Underworld vão tocar o seu primeiro álbum na íntegra epodem criar um efeito catártico e polárctico mercê do teor emersivo das suas prestações.
A FIFA vai viver com Blatter até, pelo menos, dezembro. Mas os candidatos à sucessão já estão aí. O filho do Rei da Jordânia, claro, Luís Figo e Michael van Praag (ressuscitados) também, além de David Ginola e sabe-se lá quem mais. A questão, porém, não é tanto essa. Convém é saber se, caso o Mundial da Rússia e do Qatar tenham sido "comprados", qual a melhor maneira de festejar como se ninguém soubesse de nada? Putin não terá a última palavra. Mas será claramente decisivo.
FRASES
(Promessas são como) "quem vende bacalhau a pataco. Dizem o que se quer ouvir, mas não explicam quem pagam". Paulo Portas in DN
"Estar uma vez por mês com a minha mulher numa sala para satisfação sexual dava-me uma sensação de compra de sexo".Isaltino Morais in i
“Permitir que certos 'equipamentos culturais bandeira’, como museus e monumentos de especial relevância, possam beneficiar de uma maior autonomia de gestão para concretização de projectos que importem mais-valias para a cultura, o património, a economia e o turismo”. Programa do PS in Público
"Se esta é a capa, imagine o interior". Cristina Ferreira sobre a primeira página da revista "Cristina" com Ricardo Quaresma
O QUE EU ANDO A OUVIR
Nick Cave. Nick Cave. Nick Cave. Não por causa de um novo álbum. Que tive o prazer de ouvir ao vivo no Primavera Sound há dois anos atrás. Não por causa de uma nova canção, que a bem da verdade não existe. Não por causa de um novo livro, muito menos por aquele agora editado, alegadamente escrito nos sacos de plástico próprios para o vómito que as transportadoras aéreas têm o bom gosto de oferecer mas que, felizmente, dispensei. Só porque sim. E porque esta digressão teimosamente não passava por Portugal. Apanhei-o em Barcelona, aos 21 dias de maio, quando o moço de 57 anos aproveitou o Auditori do Palácio de Congressos (o terceiro que cosntruíram em Barna com fundos europeus, garantiu-me o taxista que me levou até lá) para despejar a mais pujante, pungente e putativa história do rock'n'roll escrita com recurso ao Velho Testamento. Nunca vi nada assim. E já levo mais de 15 concertos nesta vida! Não vos maço com a narrativa - a história daquilo desde "Tupelo" a "From Her to Eternity" - apenas com o (como dizer isto?) domínio total sobre uma plateia de confederados. Há um tipo que gravou todo o concerto no iPhone e o meteu no YouTube, por isso poupo qualquer descrição mais absurda. Quero dizer, ainda hoje volto a ouvir (todos os dias) "The Mercy Seat", a cantiga em que a cadeira eléctrica se confunde com o lugar misericordioso de Deus sem ponta de remorso, como se fosse a primeira vez. Como nos melhores filmes de Hitchcock, a culpa transfere-se. De lá para cá. E sim, é isso mesmo: eu acabei por dizer uma mentira. Não vale a pena. Só vale ter lá estado. E ouvir outra vez. A comunhão nunca foi comunicação. E eu só tenho pena de quem não foi.
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