terça-feira, 1 de novembro de 2022
As leis expiram, quando um ministro é apanhado com a pata na poça! - jornal O DIABO
“Só no dia em que o transporte de latas de atum for feito em carrinhas blindadas e com guardas fortemente armados é que o Presidente perceberá que, num país onde os mais velhos e desfavorecidos têm que roubar bens essenciais do supermercado para poderem subsistir, algo vai muito mal mesmo…”
As explicações de Pedro Nuno Santos no Parlamento estiveram muito para lá do desejável e do aceitável. O (ainda) ministro é completamente desprovido de qualquer sentido autocrítico, expondo-se, como poucos, ao ridículo da sua personagem. O argumento que fez por gastar, “ad nauseum”, de que não é jurista e de que as leis são dadas a diversas interpretações, para além de fraco e deslocado da questão propriamente dita, nada explica. Repetir, incessantemente, que, não sendo jurista, desconhece a interpretação legislativa correcta, em nada iliba o seu comportamento e, muito menos, o seu carácter.
Podia-se lembrar a Pedro Nuno Santos que a dita lei – sujeita a diversas interpretações como refere – tem apenas três anos, foi votada na Assembleia da República por uma maioria altamente qualificada e aclamada pelo PS face à clarificação ora conseguida. Afinal, ao que parece, as leis da nação têm um prazo de validade inferior ao dos iogurtes. Aliás, e em defesa destes que têm a data de expiração bem visível na embalagem, as leis expiram quando um ministro é apanhado com a pata na poça…
Igualmente pouco abonatórios são os seus conhecimentos de matemática. Dizer que 0,5 ou 0 são exactamente a mesma coisa é bem demonstrativo do estado a que chegou o ensino português. Se outrora uma afirmação deste jaez dava chumbo certo, hoje certifica a qualidade de ministro da nação. Bem andou Ricardo Araújo Pereira quando trouxe à colação o exemplo da Apple, sublinhando que ter 0% do capital daquela empresa equivale a 0 euros na conta bancária e que os 0,5% representam um pecúlio na ordem dos vários mil milhões.
E Pedro Nuno Santos, que jamais consegue fugir aos ódios intestinais que nutre por todos quantos lhe peçam explicações ou o questionem, lá tratou, na postura e estilo de boxeur amador que o fato e a gravata disfarçam, mas não escondem, de garantir que ser deputado é bem diferente de ser ministro. E tem razão: para ser deputado é preciso sujeitar-se a eleições e à confiança do voto popular. Para ser ministro, nem é preciso saber de matemática ou ter os mínimos de ética. Basta passar a língua entre as nádegas do chefe tantas vezes quanto as necessárias e ter uma coluna dorsal tão flexível que permita enfiar a cabeça no próprio rabo para de lá sacar ideias peregrinas, como as de modernizar a linha férrea e, de seguida, comprar a Espanha locomotivas e composições com mais de 30 anos… Ou de estatizar a TAP para, poucos anos e mais de 4 mil milhões de euros lá enterrados depois, a vender ao desbarato…
Pedro Nuno Santos – como boa parte dos ministros deste Governo – ainda que não saiba de matemática, é perito em geo-
metria: tem um pensamento quadrado e um discurso circular de matriz progressiva, multiplicado em derivadas tendentes à raiz do infinito. De “onde está o Wally?”, rapidamente passamos ao “onde está a incompatibilidade?”, com a solução a valer prémio Nobel…
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