terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

EXPRESSO CURTO

Expresso
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Pedro Santos Guerreiro
HOJE POR PEDRO SANTOS GUERREIRO
Diretor Executivo
3 de Fevereiro de 2015
Lavagem a jato
Queriam que levasse para o Brasil dinheiro de contas do BES, no Porto. As contas eram dele [José Jalene, antigo deputado brasileiro], para lavar dinheiro em Portugal”. Hermes Freitas Magnus, autor desta frase hoje no Público, não é um brasileiro qualquer. É o denunciante que em 2008 raspou o fósforo de um incêndio que lavra agora do lado de lá do Atlântico. Mas que, pelos vistos, pode chispar também do lado de cá.

O BES está em todas e mais valia não estar em nenhuma. Agora é oLava Jato, o maior escândalo de corrupção de sempre no Brasil, onde se investiga uma rede de lavagem de dinheiro que usava lavandarias e postos de abastecimento de gasolinas para circular o dinheiro – daí o nome Lava Jato. Vários empresários estão presos e no centro da operação está a denúncia feita por este empresário quebotou a boca no trombone. A entrevista a Hermes Freitas Magnus dá o pontapé de saída de um trabalho dos jornalistas Cristina Ferreira e Paulo Pena no Público, onde se volta a falar da ES Enterprise, empresa do Grupo Espírito Santo suspeita de ter servido degigantesco saco azul para fazer pagamentos a personalidades influentes no país, através de offshores.

A relação entre o BES e escândalos de corrupção no Brasil não são de hoje, datam do mensalão, outro escândalo de corrupção e financiamento de partidos, com origem em 2004, envolvendo o partido de Lula e Dilma, o PT, que em 2009 levou Ricardo Salgado a depor. No início deste ano, soube-se que Miguel Horta e Costa foi constituído arguido por ser presidente executivo da PT (e homem BES) na altura em que a Portugal Telecom terá financiado o Partido dos Trabalhadores em 2,6 milhões de euros, conforme foi denunciado em 2012 por Marcos Valério, o executor do mensalão.

Não bastando o Lava Jato, o Mensalão e as suspeitas de saco azul da ES Enterprise, o BES continua no centro da polémica política. Ricardo Salgado enviou ao Parlamento uma segunda carta a explicar a primeira, que levantou polémica na semana passada: só listou as reuniões com Cavaco, Passos, Barroso, Maria Luís e Portas porque os deputados lhe pediram.

No i, António Cunha Vaz escreve um artigo de opinião onde diz quefoi traído por quem gravou conversas suas em reuniões no Grupo Espírito Santo, gravações essas entretanto publicadas. Falando de “burrice, falta de inteligência, estupidez, desespero ou simples má-fé”, o consultor de comunicação contratado pelo GES antes do colapso diz que “a tradição já não é o que era. Mas a traição, lá essa…”

Quer mais escandaleira à moda antiga? OK: vamos ao BPN. Tem hoje início o julgamento de Arlindo de Carvalho e de Oliveira Costa (antigos administradores do BPN e anteriores governantes de Cavaco Silva) por suspeitas de crimes relacionados com vendas de imóveis à margem do banco que quebrou em 2008. São suspeitos de burla qualificada, abuso de confiança e fraude fiscal qualificada,explica a Renascença.

Noutro banco, o BCP, foram apresentados os resultados de 2014
: operacionais bons, líquidos maus; a diferença são custos não recorrentes. Linguagem técnica? Experimente assim: o BCP já ganha no seu dia-a-dia mas tem prejuízos herdados do seu ontem-a-ontem que está a pagar agora. Parte desses prejuízos, cerca de 50 milhões de euros, relaciona-se com créditos da Ongoing e das empresas de Joaquim Oliveira, que, como o Expresso Diário revelou ontem, depois da descida das ações da PT que tinham dado como garantia já não têm ativos para dar ao banco caso não consigam pagar as suas responsabilidades. Na apresentação re resultados, Nuno Amado disse,en passant, que os bancos deverão dispor de vários anos para pagar o prejuízo da venda do Novo Banco. Fica o recado...


OUTRAS NOTÍCIAS
Mantenham a calma e vão para o inferno”, diz um cartaz de um manifestante na Grécia dirigindo-se à troika. Troika que pode mesmo vir a ser dissolvida, como moeda de troca numa negociação que decorre com os credores. Em entrevista ao Financial Times, o ministro das Finanças Yanis Varoufakis explica todo o seu programa: afinal não quer reestruturar a dívida mas sim adaptar o pagamento da dívida à “velocidade” do crescimento da economia, o que é toda um nova proposta. Além disso, a Grécia quer trocar dívida oficial da BCE por obrigações perpétuas. E um plano de investimento público que estimule a economia e a criação de emprego.

Estas declarações retiram pressão no confronto com a Alemanha, depois de Angela Merkel ter recusado reunir-se a sós com Alexis Tsipras para mostrar que a Grécia está "isolada da Europa", disse fonte do Governo alemão à Bloomberg. Como escreve Nuno Carregueiro no Negócios, esta negociação pode ter um desfecho em que “todos ganharão e ninguém perderá a face. A bem da Grécia e da Europa.”

A reunião com Merkel é só a 12 de fevereiro e não será em Berlim. Até lá, Varoufakis e Tsipras prosseguem um périplo para sensibilizar líderes europeus: hoje estarão em Itália com os seus homólogos do governo de Matteo Renzi, esperança anti-austeridade que não deu (ainda?) o que muitos queriam que desse. Num artigo de opinião no Diário de Notícias, Joschka Fischer, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, não podia ser mais claro: trata-se de “um enterro grego para a austeridade alemã”, em que “o último capítulo da crise do euro irá deixar a política de austeridade da Alemanha em frangalhos”. Empolgado, também no DN, Mário Soares conclui que “tudo muda na EU para melhor e as políticas de austeridade, queira o governo português ou não, deixaram de ter sentido. A crise na EU está a acabar”.

Hoje, o primeiro-ministro vai fazer diversas audições em São Bento para decidir alterações à lei antiterrorismo. As leis vão apertar- e a polémica provavelmente também.

No dia seguinte ao da publicação do livro sobre Jorge Mendes, as frases do “agente especial” que fazem as primeiras páginas dos desportivos são sobre o treinador do Benfica: “É fácil arranjar clube a Jesus”, diz o Record. Ontem fechou o “mercado de inverno” de jogadores, em que a grande contratação em Portugal acabou por ser a do cabo-verdiano Hernâni, uma das revelações deste ano, que passou do Guimarães para o Porto. O Benfica foi dos clubes europeus que mais receita fez, com a venda de Enzo Perez e Bernardo Silva a totalizarem 40 milhões. Os jornalistas Pedro Candeias e Mariana Cabral explicam todas as mudanças de jogadores.

Ontem foi inaugurado o novo portal das finanças, onde os contribuintes terão acesso a todas as despesas dedutivas do novo IRS. Ainda tem dúvidas sobre por exemplo se deve guardar as faturas? ARenascença dá uma ajuda e tira-lhes as dúvidas.

Jornal de Notícias noticia que há milhões em multas nos transportes por cobrar. O Público explica por que razão o Fisco é incapaz de proceder a essa cobrança: um problema informático deixou 85 mil multas por cobrar no ano passado.

Quinze professores dos quadros foram colocados no quadro de requalificação, o que significa que vão perder 40% do seu salário.

Bolsa de Lisboa é das que têm mais a ganhar com o BCE
,escreve o Negócios, que falou com diversos analistas. Como se diz no jargão financeiro, o “upside” (margem de subida) é de 17%.

Angelina, Malala e Hillary são as três mulheres mais admiradas do mundo
, segundo uma sondagem realizada pela YouGov, noticiada hoje pelo Observador.

Vão começar os primeiros testes em larga escala de uma vacina experimental contra o Ébola. O processo vai iniciar-se na Libéria, onde se pretende imunizar 30 mil voluntários.


FRASESEm Portugal só passa fome quem quer”. Quem disse esta frase, publicada hoje no i? a) Manuel Lemos, presidente da União de Misericórdias, b) Alexandre Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins ou c) Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro. Se respondeu a) acertou. “Ajudamos diariamente 150 mil pessoas, o que é o dobro de há dez anos”

Syriza não é solução: é problema”, Paulo Rangel no Público. “Há de chegar o PREC à grega, com a agenda política de nacionalizações, expropriações e reversão de relações de produção”.

Ter Luís Figo a concorrer à presidência da FIFA não é honra nenhuma para Portugal”, João Miguel Tavares, no Público, onde relembra o envolvimento do antigo jogador no caso Taguspark.

É lamentável chegar aqui, mas é a realidade: o Presidente da República mente”, Joana Amaral Dias, no Correio da Manhã, sobre Cavaco Silva ter dito que nunca fez declarações sobre o BES, mas sim sobre o papel do Banco de Portugal.

Com os braços cruzados, Passos Coelho apresenta-nos o cruel conto português: o fado alemão”, Miguel Guedes no Jornal de Notícias.

Eu com 12 ou 13 anos vendia chapéus na praia com os meus pais”, Jorge Mendes, Sapo Desporto


O QUE EU ANDO A LERPensa que trabalha horas de mais? Penso outra vez: citado pela Renascença, o Sindicato da Função Pública do Sul e Açores acusa a Cruz Vermelha de obrigar trabalhadores a fazer 90 horas semanais. Aproveite e leia o blogue “A Vida de Saltos Altos”, que está hoje de regresso ao Expresso depois de vários meses de interregno. Paula Cosme Pinto começa por escrever sobre “O telefonema que deixou os fãs do Super Bowl com um nó na garganta”.

Prepare-se para o que aí vem. Prepara-se para o Sporting-Benfica de domingo. Prepare-se para o frio a partir de amanhã, quando as temperaturas mínimas descerão “entre 4 a 6 graus celsius”. Prepara-se para a entrevista de José Sócrates esta noite no Jornal da Noite da SIC. Prepare-se para o Expresso Curto que, amanhã, o João Vieira Pereira lhe vai servir.
Até lá, acompanhe o dia no Expresso – e pare, escute e olhe no Expresso Diário a partir das 18 horas. E saiba que se ninguém lhe diz “amo-te”, isso pode ser apenas um problema de expressão.

Tenha um dia bom. 

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