domingo, 15 de novembro de 2015

EXPRESSO - Edição Especial - Atentados de Paris - 24 horas de morte e horror

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Expresso
Bom dia, já leu o Expresso CurtoBom dia, este é o seu Expresso Curto 
Pedro Santos Guerreiro
POR PEDRO SANTOS GUERREIRO
Diretor Executivo
 
14 de Novembro de 2015
 
Edição Especial - Atentados de Paris. 24 horas de morte e horror
 
Pouco passava das 21:30, já tínhamos fechado a edição do semanário, a redação esvaziava-se, era sexta feira 13. “Há tiros em Paris!”. Tiros?... “Um tiroteio! Mais de 40 mortos! A CNN diz 60, não é certo”. Quarenta? Sessenta? Olhámos uns para os outros, teremos todos receado o mesmo, outro Charlie Hebdo. Era pior. Escrevemos a primeira notícia, a contagem dos cadáveres começava. Na última notícia, são já 129 mortos, 352 feridos, 99 deles em estado muito grave. Duas delas são portuguesas. Soubemos ao fim da manhã de Manuel Dias. Soubemos de Priscila Correia ao princípio da noite.

É a primeira vez que publicamos um Expresso Curto a um sábado à noite. 24 horas depois daquelas malditas 21:30, estamos entre o como aconteceu e o como pode não voltar a acontecer. 

A noite foi uma loucura, pânico, horror, sangue, choro. Também hátiros no Le Bataclanparisienses refugiados em bares e cafés, começam a ouvir-se os primeiros relatos, um homem em lágrimas que conta que a sua irmã foi morta, no França-Alemanha julgaram que eram petardos, as ruas estão bloqueadas, as fronteiras são encerradas em França, os parisienses barricam-se em casa, não dormem, criam hashtags para dar abrigoprocuram-se pessoas no Facebookfica-se ligados às notíciasas redes sociais estão a arder, "começaram a decarregar às cegas sobre as pessoas com armas automáticas",

Paris está em estado de guerra.

há votos de solidariedade e confissões de horror (ObamaCameron,SteinmeierMerkelJunckerTuskPutin). Hollande fala ao país (e à Europa), surgem os primeiros rumores, as primeiras notícias, o sábado está acabado quando noticiamos que o Estado Islâmico quis “vingar a Síria”, é domingo de manhã quando Hollande declara foi um ato de guerra do Estado Islâmico”, uma hora depois oEstado Islâmico reivindica oficialmente a autoria dos atentados em Paris,

França é o berço do jiadismo.

Os jornais franceses acordam de luto, a Direita francesa endurece o discurso, este é o atentado mais mortífero dos últimos 10 anos na Europa. É domingo, o aeroporto de Gatwick, em Londres, é evacuado, um cidadão francês é identificado como possível terrorista.

É hora de compreender o que isto significou (vale mesmo a pena ouvir o Rui Cardoso explicar que França teve o seu 11 de setembro) e o que isto pode significar (o Ricardo Costa explica aqui as consequências militares, políticas e nas leis de segurança interna).

É hora também de ver e contar. "No 11º, o bairro mártir de Paris" (reportagem do Daniel Ribeiro, em Paris). "Hoje não vou ver os U2 em Paris" (explica o Miguel Cadete, que tinha o bilhete na mão). E de um outro jornalista do Expresso (o Nelson Marques), que estava no coração de Paris e tinha ido jantar ao sítio certo porque não tinha ido jantar ao sítio errado. "Não sabes, mas salvaste-me a vida".

São 21:30, sábado. Já nasceu um símbolo, pela paz e por Paris. Nós continuamos aqui.

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