sexta-feira, 18 de setembro de 2020

CLIMATOLOGIA DE TORNADOS EM PORTUGAL

 

CLIMATOLOGIA DE TORNADOS EM PORTUGAL

Tornados_Portugal continental 2020-09-17 (IPMA)

O artigo científico Tornadoes in Portugal: An Overview, foi recentemente publicado na revista Atmosphere (MDPI), integrando o tema especial Tornadoes in Europe: Climatology, Forecasting, and Impact, e resultou da colaboração entre dois meteorologistas da divisão de Previsão Meteorológica e Vigilância (pode aceder ao artigo no link no final da notícia).

As principais motivações para este estudo foram melhorar o conhecimento deste tipo de fenómeno e dos seus impactes e contribuir para a climatologia de tornado na Europa.

Este trabalho apresenta uma nova base de dados de tornado, incluindo as caraterísticas de 195 eventos sobre terra e junto às costas de Portugal continental, Madeira e Açores, confirmados até 1 de Janeiro de 2020. Foram encontradas referências a tornados sobre o oceano desde o século XVI e relatos detalhados de tornado e/ou dos seus efeitos no território do continente desde o século XIX. A partir do ano 2000, os relatos de tornado foram confirmados com pesquisa sistemática da informação disponível incluindo, sempre que possível, visitas de campo aos locais afetados para inventariação dos efeitos.

Para 120 eventos reportados no território do Continente a partir de Janeiro de 2006, considerou-se uma abordagem inovadora ao associar uma análise extensiva de observações com radar Doppler que fundamentou uma classificação dos tipos de tornado, aos regimes sinóticos e ambientes atmosféricos envolvidos. Contrariamente ao que se verifica na maioria dos países do sul do continente Europeu, constatou-se que o fenómeno tornado, em Portugal, é raro durante os meses de Verão. Por outro lado apurou-se que, embora os tornados mais fortes (F3, escala de Fujita) e de maior duração tenham sido produzidos por supercélulas, uma fração significativa de tornados mais fracos e com menor duração mas ainda assim destrutivos, esteve associada a sistemas convectivos quasi-lineares (superfícies frontais frias).

Espera-se que a abordagem seguida pelos autores contribua para um melhor conhecimento das particularidades desta fenomenologia no nosso território e no continente europeu. Destaca-se o contributo esperado para melhorar a previsão meteorológica de prazo imediato e muito curto prazo (Nowcasting) deste tipo de fenómeno.

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