João Bernardino partilhou a foto de Transparência e Integridade, Associação Cívica.
Alguns comentadores andam atarefados em "desconstruir o discurso da corrupção" em Portugal. No entender destes, o facto de a esmagadora maioria dos portugueses (90%) afirmar que a corrupção é generalizada no país, mas apenas 1% admitir que alguma vez lhe foi solicitado um suborno (dados do recente barómetro da Comissão Europeia), é indicativo de que tudo isto não passa de fumaça e serve apenas para alimentar meia dúzia de indivíduos que se auto-promovem às custas de um discurso fácil de corrupção generalizada.
Esta preocupação é legítima, mas não é inocente nem honesta. É legítima, porque de facto o discurso anticorrupção pode encerrar todo o tipo de populismo rasteiro; não é inocente porque os comentadores têm uma agenda clara e um alvo concreto a abater: a TIAC e mais concretamente o seu vice-Presidente. Porque é que esta avaliação do inquérito à população, que está associado ao diagnóstico da Comissão Europeia, não é honesta? Porque lhe falta rigor na explicação do que as duas perguntas medem: a primeira mede uma perceção difusa (portanto mede um cabaz de emoções sobre a qualidade do sistema político); e a segunda mede uma prática ilegal e de natureza restrita - corrupção transativa apenas, ou seja, o suborno.
A perceção geral dos portugueses sobre a corrupção tem vindo a deteriorar-se em parte pela ausência de resultados concretos e pelo somatório de escândalos que envolvem altas figuras do mundo da política e dos negócios. Num contexto de “vacas magras”, de recessão e austeridade, é inevitável que os portugueses estejam mais sensíveis à má gestão que tem conduzido o país à ruína, hipotecando o futuro das gerações vindouras.
O que tem gerado essa depreciação da opinião pública não é a corrupção quid pro quo, isto é, o pagamento de luvas para obtenção de decisões ou de acesso a mercados públicos. Este é um tipo de corrupção primário. A corrupção que se instalou no nosso aparelho de Estado é uma corrupção institucional, que se desenvolve de uma forma legal, continuada no tempo, através da colusão de interesses públicos e privados.
P.S. - A Comissão Europeia errou na forma como apresentou este diagnóstico sobre corrupção no nosso país. As perguntas do inquérito à população e aos empresários deveriam ter sido tratadas de outra forma e num contexto mais oportuno, para que não se desviasse a atenção do essencial que é a ausência de uma política de combate a este fenómeno
Luís de Sousa,
Presidente da TIAC
Esta preocupação é legítima, mas não é inocente nem honesta. É legítima, porque de facto o discurso anticorrupção pode encerrar todo o tipo de populismo rasteiro; não é inocente porque os comentadores têm uma agenda clara e um alvo concreto a abater: a TIAC e mais concretamente o seu vice-Presidente. Porque é que esta avaliação do inquérito à população, que está associado ao diagnóstico da Comissão Europeia, não é honesta? Porque lhe falta rigor na explicação do que as duas perguntas medem: a primeira mede uma perceção difusa (portanto mede um cabaz de emoções sobre a qualidade do sistema político); e a segunda mede uma prática ilegal e de natureza restrita - corrupção transativa apenas, ou seja, o suborno.
A perceção geral dos portugueses sobre a corrupção tem vindo a deteriorar-se em parte pela ausência de resultados concretos e pelo somatório de escândalos que envolvem altas figuras do mundo da política e dos negócios. Num contexto de “vacas magras”, de recessão e austeridade, é inevitável que os portugueses estejam mais sensíveis à má gestão que tem conduzido o país à ruína, hipotecando o futuro das gerações vindouras.
O que tem gerado essa depreciação da opinião pública não é a corrupção quid pro quo, isto é, o pagamento de luvas para obtenção de decisões ou de acesso a mercados públicos. Este é um tipo de corrupção primário. A corrupção que se instalou no nosso aparelho de Estado é uma corrupção institucional, que se desenvolve de uma forma legal, continuada no tempo, através da colusão de interesses públicos e privados.
P.S. - A Comissão Europeia errou na forma como apresentou este diagnóstico sobre corrupção no nosso país. As perguntas do inquérito à população e aos empresários deveriam ter sido tratadas de outra forma e num contexto mais oportuno, para que não se desviasse a atenção do essencial que é a ausência de uma política de combate a este fenómeno
Luís de Sousa,
Presidente da TIAC
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