quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O Mistério: Porque Portugal está tão condenado? OBS. DESTE BLOG: UMA ANÁLISE INVULGAR! Não percam de constatar as verdades que vão ler.


VidaEconómica
EMPRESAS, NEGÓCIOS, INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO
Nº 1509/27 de setembro 2013 Semanal €2,20 Portugal Continental

JORGE A. VASCONCELLOS E SÁ
Mestre Drucker School PhD Columbia University
Professor Catedrático                                                          
E-mail: nop4867@mail.telepac.pt
linked In: http://www.linkedin.com/in/vasconcellosesa
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The Atlantic, Ricardo Reis e o Mistério de porque Portugal está tão condenado

A edição de Junho da revista em título, publicava um artigo sobre: o mistério de porque Portugal está tão condenado. Ou seja, Portugal está a tornar-se
num case-study internacional. Só que infelizmente, pelas piores (e não melhores) razões.
Porque é que um país, com um clima ameno, uma imensa costa marítima, condições excepcionais para o turismo, inserido no espaço económico mais rico do mundo (em termos absolutos), localizado entre este e o 2° mais rico (EUA), tem uma economia que é um desastre?
Que não é de hoje. Antes da actual crise houve a década perdida. E antes dela já Portugal era um atraso: com a produtividade e O PIB per capita ± a 2/3 da média (e não dos melhores países, mas da média) europeia.
Assim para esclarecer o mistério, o artigo de Matthew O'Brien no Atlantic, recorre
a yárias contribuições, entre elas as de Ricardo  Reis, um compatriota nosso, professor em Columbia e que - tendo uma cabeça cartesiana - é sempre um prazer ler.
Ricardo Reis contribui com um gráfico que mostra que entre 2000 e 2012 Portugal cresceu menos per capita que os EUA durante a grande depressão (!) ou o Japão na chamada "década perdida".
Ou seja: não temos hoje uma depressão depois de um boom. Mas de uma queda depois de uma longa estagnação/declínio constante.
Perante os factos, vêm as especulações sobre as causas: o sector financeiro para alguns, a corrupção para outros, a excessiva regulamentação para terceiros.
Já que todos dão a sua opinião, aqui vai a minha (modestíssima) e deixem-me começar por uma pergunta: quando é que Portugal foi um sucesso económico? Desde que o Brasil se tornou independente, o século 19 foi um longo e contínuo declínio.
Em 1926 o PIB per capita era 12% (!) inferior ao do início da República. Em absoluto 8%. Mais de 600 mil portugueses tinham emigrado.
O Estado Novo abdicou de crescer (o Professor Oliveira Salazar dizia que era uma grande vantagem aceitar-se ser pobre). 
E depois do golpe militar de Abril, Portugal é único país no mundo (creio) mas na Europa (certamente), que em pouco mais de três décadas (1978-2011) foi três vezes à bancarrota.
Exceptuam-se como períodos de franco crescimento a década de 60 (EFTA + África + remessa dos emigrantes + abertura ao exterior a partir de um ponto de extrema pobreza) e os anos 85-93 do cavaquismo impulsionados pelo "ouro" de Bruxelas (em que Portugal se aproximou 14% da média europeia).

Em síntese. Os problemas não são de hoje. E vamos então à explicação.

Primeiro: emigração. O brain drain. A selecção negativa.
Embora muitos bons optem por não emigrar, todos os que emigram são dos melhores: em capacidade de trabalho, flexibilidade, assumpção de risco, cosmopolitismo. Por isso Fernando Pessoa dizia que uns mandam-se ao mar, outros ficam agarrados à terra. E um povo de emigração é um povo de restos.

Segundo: é sabido que nas revoluções o pêndulo desloca-se para o extremo oposto, antes de regressar ao meio.
Assim com Abril, uma série de oportunistas (para "tachos" em empresas públicas) tiveram cobertura ideológica para criar uma economia de esquerda, cheia de estado, instituições públicas e regulamentação (Portugal é 67° no mundo em termos de liberdade económica).
Terceiro: esta (des) economia permitiu duas coisas. A nível individual que florescessem os piores dos demónios portugueses (cada povo tem, sem excepção, os seus): a vaidade (qualquer crítica é uma ofensa); a inveja (destruidora); o negativismo (mãe do imobilismo). Por oposição a uma economia livre, onde o consumidor é soberano e de concorrência (que estimula cada um a dar o seu melhor: o concorrente é um ajudante - Edmund Burke).
E (quarto): com a (des) economia socialista veio também a falta de ética de trabalho: a pontualidade, o esforço, a iniciativa e o sentido de responsabilidade. A isto tudo chama-se em Portugal "direitos dos trabalhadores". Direitos, sem deveres. Para com os clientes ou contribuintes. Pelo que criam prejuízos. Destroem valor. Dão menos à sociedade (vendas) do que dela retiram (custos). Quando certo é que, vício não é o lucro, vício são os prejuízos (Churchill).
Quinto e finalmente: tudo isto reforçando novamente a emigração.
O brain (e arms - braços) drain. Só registados nos consulados no estrangeiro (e quantos não se registam?) há actualmente 5 milhões de portugueses.

Em síntese; emigração + (incentivo à) inética do trabalho + ausência de liberdade económica = a (já antes da crise actual) - termos sido ultrapassados por Chipre, Eslovénia, Rep. Checa, Malta e Eslováquia.

Donde, o problema não é pois de agora. Ou estes países não tiveram também a crise mundial?


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