Entrevista com Carlos Luna, activista da causa de Olivença
Alguns dados biográficos:
Carlos Eduardo da Cruz Luna, nasceu em 1956 em Lisboa, de forma perfeitamente acidental, como faz questão de salientar Oriundo de uma família de Estremoz, é nessa cidade alentejana onde vive e ensina. Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é Professor de História, há 32 anos. No período que se seguiu à Revolução de Abril militou no MES.
Ao longo da sua vida, tem-se batido por causas que considera justas, desde a liberdade para a Birmânia até aos Direitos do Povo Curdo ou a independência do Sara Ocidental, desde a ecologia até ao desenvolvimento sustentado de Portugal... e entre essas causas privilegia a da restituição de Olivença a Portugal. É de sua autoria o livro "Nos Caminhos de Olivença".
Assumindo-se como um regionalista alentejano, visita quase semanalmente Olivença, onde tem muitos amigos e alguns não-amigos., acrescenta. Continua a estudar o território usurpado, apoiando iniciativas que visem a recuperação das antigas História e Língua.
Estrolabio – Como é possível o caso de Olivença ser tão ignorado em Portugal? Como é possível que os sucessivos governos do País, desde o princípio do século XIX, nunca tenham reivindicado de forma categórica um território que à luz do Direito Internacional, lhe pertence?
Carlos Luna: - Muitos portugueses nem conhecem a sua História, mas o mais grave é que Portugal se acha tão mau, tão mau, que nem reivindica o que é seu de direito. Em 20 de Maio de 1801, Olivença foi ocupada por Espanha. Curiosamente, foi em 20 de Maio de 2002, que Timor dia da independência de Timor….
O empenhamento que se pôs na causa de Timor, devia ter sido posto na causa de Olivença?
Acho que sim.
Como começou esta sua luta?
Por volta de 1986 lembrei-me de ir à terra de que muito se falava, gostei do que vi mas detestei a profunda desinformação que reina em Olivença entre a população que não tem culpa nenhuma. As autoridades espanholas mascararam e esconderam a verdadeira realidade histórica ao povo de Olivença, fazendo-os acreditar em mitos absurdos, ofensivos e chauvinistas em relação a Portugal e à sua História.
Mesmo depois de 1975, da democratização?
É verdade. Acho inacreditável que uma Espanha democrática continue a ensinar a um povo um passado que não é o seu. Embora parte da culpa de não haver uma definição no caso de Olivença também resida no povo português.
No povo e sobretudo nos sucessivos governos…
Sou essencialmente um lutador pela positiva e há alguns argumentos que eu detesto, os portugueses têm um desprezo tal por si próprios que é quase impossível de explicar. A luta pelo caso de Olivença tem muitas semelhanças com a contenda sobre Gibraltar. Neste caso, os espanhóis insistem ser uma questão de justiça e tratam-no de maneira muito diferente do que acontece com a localidade próxima de Portugal. Aproveitam todas as oportunidades para resolver, ou pelo menos debater, a questão de Gibraltar. Em contrapartida, o Estado Português não fala em Olivença, é quase uma posição clandestina.
tags: carlos luna, olivença
publicado por Carlos Loures às 14:00
editado por João Machado em 03/04/2011 às 12:14
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Carlos Luna fez um comentário a uma publicação minha, aqui no Blog, em 1.9.2013.
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