segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Crónica Nº 4 - OS AVÓS E OS PAIS DOS TELEMÓVEIS ACTUAIS - Nova edição. Por Henrique de Almeida Cayolla


Os “Avós” e os “Pais “ dos telemóveis actuais

Crónica publicada no jornal O PRIMEIRO DE JANEIRO em 29.07.2011


Muitos utentes de telemóveis, não fazem ideia quando se iniciaram as comunicações móveis em Portugal, e o que se passou, até chegar aos sofisticados e pequenos aparelhos que utilizam no dia a dia, que os colocam em contacto imediato com outra pessoa, praticamente em qualquer lugar da Terra. É para darem o devido valor a esta extraordinária tecnologia, e a avaliar como foi complicado esse nascimento, que passarei a historiar a evolução, datas, tipos de aparelhos, e valores em escudos de então. Antes disso, é bom lembrar que as comunicações telefónicas, eram feitas exclusivamente através de telefones fixos, alugados à Companhia dos Telefones, aparelhos pesados, com uma manivela, através da qual se chamava a telefonista, e lhe dizíamos o nº para onde queríamos a ligação. Eram as chamadas Centrais de Comutação Manual, que eram por isso assistidas por telefonistas. Em 1942 deu-se início à automatização da rede, feita por fases, e só em 1985 se efectuou a conclusão da rede telefónica nacional. Usavam-se uns aparelhos que tinham um disco com orifícios, correspondentes aos algarismos, discando-se então o nº pretendido. A seguir aos telefones de disco, surgiram uns mais modernos, já com teclas, cada uma com um algarismo correspondente. Usavam-se aparelhos fixos, e sempre alugados, o que era dispendioso para fazer uma chamada, e limitativo para quem fazia, e para quem recebia, pois estava-se preso aos locais de emissão e recepção onde estavam instalados os aparelhos. Quem não tinha telefones em casa, recorria às cabines públicas. Os telefones sendo fixos, coarctavam ainda a liberdade, a confidencialidade das conversas, e as necessidades de contactos urgentes. Em 1988 chegaria o advento da nova era das comunicações telefónicas.com a novidade da MOBILIDADE, surgindo o que eu apelido dos “Avós “ dos telemóveis, que foram, uns pequeninos aparelhos, que cabiam numa mão, chamados Pagers ou Bips, com mini ecrã, um nº próprio, e estavam ligados a um operador: TELEMENSAGEM desde 1988 (operador público) e TELECHAMADA desde 1992, depois integrada na VODAFONE-TELECEL. Havia dois modelos: Uns, designados NUMÉRICOS, porque no ecrã aparecia só um nº de telefone, o qual esperava contacto do portador do Pager, e a pessoa que recebia esse sinal, visível no ecrã, (e auditivo, porque soavam uns bips,) tinha que ir a um telefone fixo e fazer uma chamada para o nº que leu. Outros modelos eram designados ALFANUMÉRICOS, porque recebiam mensagens, e o receptor teria que responder para um telefone fixo, ou se fossem mensagens a dar indicações, bastava-lhe apenas dar seguimento ao apelo recebido. Fosse a mensagem para Numérico ou Alfanumérico, a pessoa que queria contactar o dono do Pager, tinha que, através de um telefone fixo, ligar para o Operador dos Pagers, e ditar: o nº do Bip (identificando o seu telefone fixo), e o que queria transmitir, se fosse para um pager alfanumérico. Foi um grande progresso, porque possibilitava que, quem tivesse um pager, recebesse em qualquer local, interno ou externo, um pedido para entrar em contacto para o telefone X, ou no caso dos alfanuméricos, um pedido para tratar de algo, sem ser necessário ir a um telefone. Os aparelhos custavam entre 18 a 26 mil escudos.

 Faço notar que isto se tornou possível através de Operadores constituídos de propósito para o efeito, e no princípio estava muito restrito a uma área com rede muito diminuta, pois só abarcava zonas em volta de Lisboa e Porto! Mesmo com essas restrições, já dava muito jeito, pois conseguiam-se resolver na hora, muitas situações, que sem a mobilidade de comunicações telefónicas, não seria possível. O reinado dos Pagers, foi relativamente curto, pois o serviço da TELECHAMADA veio a terminar em 2001 com o lançamento de tecnologias alternativas, SMS e GPRS. Assim surgiram o que eu apelido de «Pais» dos telemóveis, que eram uns aparelhos enormes, transportáveis, pesados, ligados a uma grande bateria, com uma enorme antena (que nos automóveis obrigava muitas vezes a perfurar o tejadilho, para a respectiva instalação), muito caros, (os primeiros custavam 500 mil escudos!) e funcionando através de um operador próprio, com uma rede de cobertura de início muito escassa. Mas foi também um sucesso! Só aquela hipótese de, em muitos sítios, sem telefones fixos, fazer uma chamada e falar de viva voz com outra pessoa, era extraordinária! Depois, ainda surgiram telefones móveis mais práticos e mais baratos, (para montar num carro custavam 260 mil escudos) e com redes muito amplas, e logo a seguir começaram então a surgir mais operadores e os telemóveis mais pequenos, mais versáteis, com uma evolução técnica galopante até à maleabilidade que todos nós constatamos hoje em dia.
HENRIQUE DE ALMEIDA CAYOLLA

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